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Victor Ferreira do Amaral | Reprodução
Victor Ferreira do Amaral| Foto: Reprodução

Perfil

Nascido em 9 de dezembro de 1862, na Lapa, morreu em 2 de fevereiro de 1953, em Curitiba. Foi médico, jornalista, político e educador.

Cargos que ocupou: chefe de enfermaria do Hospital Militar na revolução de 1894, médico no Hospital de Misericórdia, deputado estadual, deputado federal, vice-governador, diretor da Saúde Pública no governo de Caetano Munhoz da Rocha, diretor da Faculdade de Medicina, reitor da UFPR, fundador da Associação Médica.

Legado: a Universidade Federal do Paraná; a primeira maternidade do estado; como deputado estadual, deu o nome ao município de Araucária e criou o município de Clevelândia (Sudoeste do estado)

Grande feito: um dos fundadores da Universidade do Paraná, em 1912, a primeira instituição pública de ensino do Paraná, que em 1940 se tornou a UFPR.

Obras literárias: escreveu diversos artigos médicos e obras que defendiam a questão de limites com Santa Catarina.

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A história do médico, educador e político Victor Ferreira do Amaral e Silva se mistura à história de uma cidade pequena e provinciana que ele ajudou a se tornar grande. Acreditava que todos deveriam ter direitos iguais, sobretudo na saúde e na educação. "Foi um dos poucos homens que viu erigido um busto em sua homenagem em praça pública, ainda vivo, em 1937", lembra o único filho vivo, o ginecologista e obstetra Milton Ferreira do Amaral, 92 anos.

Nascido na Lapa, em 1862, em família de fazendeiros, com 9 anos viajou para Curitiba junto com o avô José Ferreira Bueno. No único colégio interno da região, aprendeu a educação primária e secundária em apenas um ano. Aos 12, saiu sozinho do porto de Antonina com destino ao Rio de Janeiro para uma das vagas do Colégio Abílio, um dos estabelecimentos mais tradicionais do país. Na corte, conheceu o imperador dom Pedro II, de quem recebeu o diploma e uma medalha de honra na formatura no curso de Humanidades.

Seis anos depois, aos 22, Amaral e Silva defendeu tese na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, onde recebeu o diploma de Doutor em Medicina, com especialização em ginecologia e obstetrícia. Ao chegar em Curitiba, abriu clínica na Praça Carlos Gomes. As visitas aos pacientes eram feitas a cavalo. Atendia pobres e ricos, sem distinção. Trabalhou na Santa Casa de Misericórdia por sete anos, sem remuneração, ajudando a criar a maternidade.

Sua trajetória profissional é das mais diversas: ocupou os cargos de Intendente Municipal em Curitiba, em 1890; foi deputado estadual em 1892, quando elaborou a Constituição do Paraná; de 1893 a 1894 exerceu o cargo de Superintendente do Ensino Público; em 1895 atuou como médico-adjunto do Exército; em 1897, como médico-legista exigiu a obrigatoriedade da necropsia e do preenchimento do livro de registro; e em 1892 fundou a Sociedade de Agricultura do Paraná.

Foi redator-chefe e um dos fundadores do Diário do Paraná e da Gazeta Médica. De 1900 a 1904 foi vice-governador do Paraná, no governo de Xavier da Silva. Entre recortes, livros e cartas, o filho mantém viva a memória daquele que foi mais do que pai: "foi parte da história do Paraná". Largou a política para se dedicar ao projeto da Universidade do Paraná, sonho realizado em 1912. Contou com ajuda de outro médico, Nilo Cairo. "Os professores ficavam meses sem receber e papai tirava do próprio bolso para restituí-los. Mas ele sempre foi um homem além do seu tempo e se preocupava mais com a educação e progresso de sua gente do que qualquer outra coisa", diz o filho.

O terreno para a universidade foi doado pelo governo. Visionário, pediu que a edificação ficasse de frente para a Praça Tereza Cristina (atual Santos Andrade). Criticado por causa do lamaçal em frente, argumentava que logo a lama daria lugar a um jardim. Por três décadas foi diretor da Faculdade de Medicina do Paraná. Em 1946, com a federalização da universidade, foi aclamado o primeiro Magnífico Reitor. Foi também responsável pela edificação do Hospital e Maternidade Victor Ferreira do Amaral.

Aposentou-se na década de 50, mas não descansou. "Sempre manteve olhos atentos e uma eterna preocupação com a modernidade do ensino e da saúde", diz Milton. Morreu aos 90 anos, feliz, segundo o filho. O laudo do médico que o atendeu, amigo da família, não poderia ter sido diferente. "Morreu de tanto viver. Uma trajetória intensa e plena. A lamparina do candeeiro já estava terminando", finaliza.

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