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Nem tudo é ruim no nosso SUS

É só falar em saúde pública que o brasileiro torce o nariz. A despeito disso e diante do desespero dos norte-americanos às voltas com seu próprio sistema, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não hesitou. Disse que dará um conselho ao presidente americano, Barack Obama, na próxima vez que o encontrar. "Vou falar para ele: Obama, faça um SUS. É ba­­rato e de qualidade." Lula, claro, virou motivo de chacota, diante de todas as deficiências do mo­­delo nacional de saúde pública.

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O Brasil está no meio do caminho. Nem liberal, nem social-democra­ta. Nem sistema de saúde univer­sal, nem segmentado. Para o con­sul­­tor em saúde e autor dos livros As Redes de Atenção à Saúde e Os grandes dile­mas do SUS, Eugênio Vilaça Mendes, o Brasil não fez o que se propôs a fa­zer com o adven­­to da Constituição de 1988: um sis­­tema de saúde universal. Acompa­nhe a entrevista concedida à Gazeta do Povo:

Como o senhor vê o SUS?

O sistema foi criado pela Constituição de 88 para ser público, universal e gratuito. Esse foi o espírito: saúde como um direito de todos e dever do Estado. Mas faltou uma base econômica para universalizar esse atendimento. O sistema brasileiro é diferente dos sistemas universais dos países europeus e do Canadá. De fato, essas sociedades têm um sistema universal. Lá os planos de saúde são complementares e não competem com o sistema de saúde. Aqui, o SUS é para os pobres e quem pode vai contratar um plano privado. A verdade é que nós não temos um sistema único. O sistema do pobre sempre vai ter menos dinheiro porque eles não conseguem articular seus interesses. Por isso, a Emenda 29 nunca será aprovada. Os congressistas não usam o SUS.

O que os sistemas europeus têm que o nosso não tem? O que fazer para chegar lá?

Eles se organizaram pela social-democracia. Há o valor da solidariedade social. As pessoas pagam mais impostos e têm saúde e educação de graça. É a transferência do rico para o pobre. A saída para o Brasil não está na discussão do setor de saúde. Está no tipo de sociedade que o Brasil quer: social-democrática ou liberal? É uma decisão política. Não sei o que o país vai decidir, mas o liberal é um modelo segmentado, não dá conta, não produz resultados. Os EUA gastam mais e têm os piores índices de saúde.

Caso o Brasil decida trilhar o caminho europeu, é inevitável aumentar os impostos?

Teríamos de pagar mais impostos e organizar o setor de saúde. Mas, mesmo sem uma carga tributária mais alta, acredito que há como destinar mais dinheiro para saúde e educação. (TC)

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