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Comportamento

O que você faz com o seu tempo?

Estudo mostra que 35% dos brasileiros se dizem escravos das rotinas. Novas tecnologias e acúmulo de tarefas dão a sensação de mais velocidade

A meditação mudou a relação com o tempo para o publicitário Maurício Ramos | Daniel Castellano/Gazeta do Povo
A meditação mudou a relação com o tempo para o publicitário Maurício Ramos (Foto: Daniel Castellano/Gazeta do Povo)

Apesar de ser mensurável, o tempo não pode ser poupado, o que dá uma estranha sensação de que cada segundo escapa pelos dedos. Por essa razão, 35% dos brasileiros se sentem escravos da rotina, de acordo com um levantamento realizado pelo Ibope Inteligência.

INFOGRÁFICO: Maioria dos brasileiros se relaciona com o tempo de forma problemática

O estudo analisou, pela primeira vez, como os brasileiros fazem uso e como se relacionam com o tempo, destacando diferenças regionais e determinando perfis com base nas entrevistas. Foram identificados dois tipos de pessoas: aquelas que se relacionam com o tempo observando a passagem na vida e outros que interagem diretamente com o cotidiano.

"A pessoa que se sente escrava é aquela que está sempre correndo atrás do tempo perdido. Geralmente, acumula muitas tarefas sem conseguir se planejar para a execução", explica Silvia Cervellini, diretora executiva de negócios do Ibope Inteligência.

Mas o tempo está passando mais rápido hoje do que na época de nossos avós? O que mudou, diz Lauro Luiz Samojeden, chefe do Departamento de Física da UFPR, é que, com a celeridade das informações e o acúmulo de tarefas, a sensação é de que o tempo está passando com mais velocidade.

Foram as máquinas e as novas tecnologias que deram um novo ritmo ao uso do tempo pelos homens, explica o professor de Filosofia da PUCPR, Jelson Oliveira. Para ele, as máquinas surgiram com a promessa de abreviar o tempo de produção, mas essa estratégia deu mais tempo para que fossem acumuladas novas tarefas – a pesquisa mostra que 22% dos brasileiros dizem realizar atividades simultâneas, índice que na Região Sul é de 43,5%.

"A tecnologia abreviou o tempo, mas fez com que as pessoas estejam conectadas sempre, ampliando a sensação de mais tarefas e menos tempo. Esse novo ritmo está moldando as relações humanas, incluindo nos relacionamentos uma desculpa pronta: a falta de tempo", acrescenta Oliveira.

O desafio de conciliar as atividades

O acúmulo de atividades é o principal motor para causar a sensação de escassez de tempo, com um adicional: somos reféns da tecnologia. A pedagoga Sarai Batista Agibert, de 49 anos, sente que está sem tempo. Ela trabalha, ajuda a cuidar dos pais, dá atenção à filha, sem se descuidar dela mesmo. Para evitar o estresse e a ansiedade, incluiu na rotina meditação e orações. "O celular contribui para sermos escravos do tempo. Hoje ele é completamente imprescindível e um gerador de ansiedade."

Acorda, vai trabalhar, foge para a academia na hora do almoço, volta para o ofício, vai para a faculdade, estuda, volta para casa, dorme. É assim dia após dia. "Sou um escravo do tempo", admite o servidor público Allan Rodrigo de Lima, de 24 anos. De segunda a sexta ele tenta dar pausas na rotina para garantir um tempo para si. "É difícil conciliar as obrigações com atividades de lazer, como se divertir com os amigos ou passar mais tempo com a família. Minha rotina é cheia durante a semana, mas tento controlar ao menos meus sábados e domingos."

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