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Cada vez mais os avós têm se tornado longevos. O cuidado com a saúde física e mental se reflete em idoso mais saudáveis e com maior disposição. Com isso, a convivência entre avós e netos também se torna mais frequente e duradoura. E essa soma de fatores resulta em uma relação de troca de experiências, muito amor e bastante enriquecedora.
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Para a psicanalista e psicóloga clínica, Ana Paula de Castro, isso acontece porque há uma transmissão de informações mútuas extremamente ricas para ambos os lados. “Da parte dos avós para os netos, existe uma passagem de vivências e experiências de vida, que podem se tornar referências importantes na construção ou reforço dos valores e princípios que esta criança ou mesmo adolescente, pode receber e constituir”, explica. ” E da parte do neto para os avós, a vivacidade, a energia, a disposição, as habilidades do mundo virtual (em algumas faixas etárias) podem se tornar insumo, alimento emocional para os avós, podendo tirá-los de uma zona de comodismo, estagnação e desatualização no mundo globalizado de hoje. Mas certamente a troca afetiva bilateral é, sem duvida, o maior ganho dessa relação”, completa ela.
Mas nessa troca, um é preciso se atentar a um ponto: a interferência dos avós na educação dos netos precisa de limite. Apesar de eles terem muito a contribuir no desenvolvimento social da criança, há tarefas que são de ordem estritamente paterna e materna. A pedagoga Fabiana Retamero, explica que é preciso impor limites à relação avôs-netos. “O que acontece é que o limite é a fronteira que permite que os avós continuem sendo avós. Aos pais cabe ouvir os conselhos de quem já viveu bastante, mas eles precisam se posicionar diante dos filhos, até para que os pequenos compreendam os diversos papeis dentro de uma mesma família e sociedade”, diz.
Respeito e honra
Entre tudo de bom que envolve essa doce relação, certamente a troca de amor é o maior ganho. Com diálogo e respeito, as chances de o vínculo se fortalecer é maior. Esse respeito deve vir dos pais, que através do exemplo são capazes de ensinar sobre honra e admiração pela história dos mais velhos. Por isso não se pode desperdiçar a oportunidade de que os netos convivam com seus avós.
Em uma família com relacionamentos saudáveis, as crianças crescem nostálgicas desse tempo de convivência. A noção de respeitar aqueles que têm mais sabedoria é construída ali, na medida em que os pais da criança mostram que valorizam os seus pais. “Hoje acontece muito de o idoso ser desumanizado e deixado de lado, como se não pudesse contribuir com mais nada”, pontua Fabiana. “Mas as crianças que convivem com seus avós aprendem desde cedo a respeitar o conhecimento dos mais velhos, a honrar sua sabedoria e a quebrar o ciclo do imediatismo”, finaliza.
Esse conteúdo foi publicado originalmente no Sempre Família, em 27/7/2015.



