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Manifestantes apoiam pedido de asilo no Consulado do Uruguai | Tânia Rêgo/ABr
Manifestantes apoiam pedido de asilo no Consulado do Uruguai| Foto: Tânia Rêgo/ABr

Asilo negado

Deputada confirma ter dado carona a ativistas considerados foragidos

A deputada estadual Janira Rocha (PSol) confirmou que a advogada Eloisa Samy, de 45 anos, e David Paixão, de 18, ambos considerados foragidos pela polícia, deixaram dentro de seu carro, na segunda-feira à noite, o Consulado do Uruguai, onde os ativistas tiveram negado o pedido de asilo diplomático. Ela negou ter facilitado a fuga.

"A quem é dada a missão de prender pessoas? Eu estive lá apoiando os ativistas e estaria de novo, independente das ameaças da Alerj ou da polícia." Corregedor da Assembleia Legislativa do Rio, o deputado Comte Bittencourt (PPS) disse que, se ficar provado que a deputada usou um carro oficial para ajudá-los a fugir, ela será investigada pela Casa.

Por volta de 18 h, segundo a deputada, a cônsul-geral Myriam Chalar informou que o governo uruguaio reconhece o Brasil como um estado democrático de direito e não concederia o asilo. "Ela (Eloisa) me pediu: ‘A senhora me dá uma carona?’ Saí pela porta da frente, onde havia inclusive uma viatura da PM. Não ‘dei fuga’ a ninguém."

A Ordem dos Advogados do Brasil do Rio (OAB-RJ) pretende denunciar à Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) da Organização dos Estados Americanos (OEA) o que considera "violações de direitos humanos e de garantias constitucionais" no inquérito e no processo movido contra 23 ativistas que participaram de protestos na cidade, desde junho de 2013. Para isso, será criado um grupo de trabalho composto por professores, advogados e cidadãos que vão elaborar um parecer técnico sobre as "ilegalidades específicas" do processo judicial. A decisão foi tomada ontem, com a participação de 200 pessoas.

Os deputados federais Chico Alencar (PSOL), Jandira Fehgalli (PC do B) e Jean Willys (PSOL) e a deputada estadual Janira Rocha (PSol) participaram do ato. Janira deu carona em carro oficial da Assembleia Legislativa do Rio para ativistas que na segunda-feira pediram asilo diplomático ao Consulado do Uruguai.

Representante de 15 dos 23 ativistas, o advogado Marino D’Icarahy afirmou que ainda não teve acesso à íntegra do processo, que tem duas mil páginas. Ele acrescentou que nem mesmo o desembargador Siro Darlan, que concedeu habeas-corpus aos manifestantes, teve acesso ao inquérito. O juiz Flávio Itabaiana, da 27ª Vara Criminal decretou as prisões na sexta-feira.

"Quando os advogados não conseguem exercer a defesa de seus clientes, tem algo errado (no trâmite judicial) e é hora de fazer um manifesto como este. Independentemente do tipo de processo, as garantias legais têm que ser respeitadas e o advogado tem que ter acesso ao processo", disse o vice-presidente da OAB-RJ, Ronaldo Cramer.

"Estamos aqui contra atitudes arbitrárias de órgãos que deveriam garantir a ordem jurídica do Estado Democrático de Direito", disse o ex-presidente, Wadih Damous. Cinco ativistas foram presos, entre eles Elisa Quadros Sanzi, Sininho. A polícia está em busca dos 18 foragidos desde sábado.

Liberdade negada

A 3.ª Câmara Criminal negou ontem novo pedido de liberdade ao estudante Fabio Hideki Harano, detido em um protesto contra a Copa dia 23 de junho junto com o professor de inglês Rafael Marques Lusvarghi, que continua preso. No dia 27, a Justiça já havia negado pedido de liberdade ao estudante.

O Ministério Público de São Paulo denunciou à Justiça, no dia 11, os dois manifestantes presos pela prática dos crimes de incitação ao crime, associação criminosa armada e posse de artefato explosivo. Se condenados, as penas podem variar de 5 a 14 anos de prisão.

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