O trânsito de Curitiba deve ter um complicador a mais em 2011. Serão pelo menos oito meses de obras nas principais ruas do Centro e bairros adjacentes. A prefeitura e o governo do estado homologaram ontem quatro dos cinco lotes do Anel Viário, que pretende melhorar a fluidez na região central. Apesar do transtorno que as obras podem causar a motoristas e pedestres, o projeto, quando concluído, pretende desviar perto de 30% dos veículos que transitam pela região central da cidade.Para a implantação do novo sistema viário, serão necessárias intervenções em vias articuladoras da capital. Os trabalhos estão previstos para começar em fevereiro e persistir, pelo menos, até outubro. Com a iniciativa, bairros vizinhos ao Centro, caso de Rebouças, Alto da XV, Centro Cívico, Bom Retiro e Mercês, devem ganhar um total de 25 quilômetros em binários.
Aparentemente simples, o projeto consiste em redistribuir faixas de trânsito de ruas estratégicas, além de melhorar o asfaltamento e construir meios-fios e 50 quilômetros de calçadas. De acordo com a diretora da Urbs, Rosângela Battistella, a mudança vai dar prioridade à fluidez do trânsito. "Os carros vão deixar de passar pelo Centro sem necessidade. Também serão modernizados os semáforos, e o controle do tráfego será feito pela central", afirma a diretora.
O coordenador do curso de Arquitetura e Urbanismo da PUCPR, Carlos Hardt, aprova o projeto justamente por ele permitir o deslocamento entre bairros sem passar pelo Centro. "Hoje, existem apenas vias secundárias para se fazer isso. No futuro, isso poderá ser feito de forma mais estruturada", explica. Hardt, no entanto, afirma que a população não pode ter a ilusão de um impacto imenso no trânsito. "Vai melhorar, especialmente pela reforma do pavimento e melhora de sinalização. Mas não dá para imaginar que essa obra resolverá o problema do trânsito", opina.
O Anel Viário é o primeiro fruto da Copa do Mundo de 2014, afirma o secretário de Desenvolvimento Urbano, Wilson Bley Lipski. "A melhora vem de encontro a uma necessidade da população", afirma. "Os reflexos para a Copa do Mundo são enormes, pois as avenidas estão próximas dos estádios da cidade", diz o prefeito de Curitiba, Luciano Ducci (PSB).
Planejamento
Quem vive ou trabalha perto das regiões afetadas não deve se preocupar com mudanças abruptas, segundo a prefeitura. Serão realizadas reuniões com os segmentos envolvidos para definir o "plano de ataque" na execução das intervenções, de acordo com o secretário de Obras Públicas de Curitiba, Mario Yoshio Tookuni. Para Hardt, atacar vários pontos simultaneamente deve causar menos transtorno à cidade do que a ação paulatina. "Não há tempo para uma programação mais escalonada. Se há dinheiro e projeto, é hora de arregaçar as mangas", diz.
Investimento
Do total de R$ 29,6 milhões previstos para a obra, aproximadamente 19,2 milhões serão usados em 2011 pela prefeitura por meio de empréstimo do Fundo de Desenvolvimento Urbano (FDU), do governo estadual. O restante da verba deve ser repassado quando o lote Sul e a sinalização forem licitados na parte Sul, não houve interessados.
O Anel Viário nasce com quatro anos de atraso, por causa de divergências entre o ex-governador Roberto Requião (PMDB) e o ex-prefeito Beto Richa. Em 2006, Richa apoiou Osmar Dias (PDT) na eleição e, em seguida, os recursos do FDU foram bloqueados. Débitos com a implantação da Cidade Industrial foram a explicação oficial para o corte.
O governador Orlando Pessutti (PMDB) autorizou o financiamento para a obra em agosto de 2009. "A mobilidade e a acessibilidade de Curitiba não estão ruins, mas podem melhorar. O Anel Viário é um exemplo disso", afirma o governador.
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