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Infra-estrutura

Obras da Linha Verde atrapalham comércio local

Dificuldades de acesso à BR-476 fazem faturamento cair pela metade

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Quem trafega pela BR-476, antiga BR-116 e futura avenida Linha Verde, entre os bairros Pinheirinho e Jardim Botânico, em Curitiba, já percebe a diferença. As obras nesse trecho de 9,4 quilômetros quebraram a rotina de motoristas, moradores e empresários. Mas, por enquanto, a mudança foi para pior. Comerciantes viram a receita de seus empreendimentos despencar por causa do caos inevitável das obras.

Com o acesso à rodovia prejudicado, eles dizem que, em média, o faturamento mensal caiu 50%. De acordo com dados de 2004, ao longo do trecho urbano da BR-476 existem 2,7 mil estabelecimentos comerciais e de serviço, e cerca de 400 indústrias, que respondem por aproximadamente 25 mil empregos.

"Depois que ficar pronto vai ficar bom, mas por enquanto está horrível. Tivemos de dispensar dois funcionários e o faturamento diminuiu de 50% a 60%. Só conseguimos atender aos clientes antigos", reclama Rodrigo Pinheiro, 31 anos, proprietário do Sucatão Auto Peças, localizado à margem da rodovia no bairro Hauer. "O movimento caiu 70%", diz o proprietário da Futura Esporte, Giancarlo Gomes Console. "Futuramente pode até ser lucrativo, o problema é quanto tempo leva para chegar até lá", reclama o funcionário da Radiadores BR, também na BR, Everton Simoni de Oliveira, 29 anos. Segundo ele, os caminhões não conseguem ter acesso à loja e por isso passam direto. "Para chegar, os motoristas têm de fazer uma volta muito grande e aí desistem", conta.

Para o coordenador da Linha Verde, Wilson Justus, a população deve pensar no benefício posterior à conclusão das obras. "Não adianta querer iludir que a obra não traz problemas, mas é temporário. O retorno é grande. Difícil quem defenda o caos que estava na BR e que ache que a obra não era necessária. O sonho da Linha Verde é um sonho da cidade", diz.

Segundo ele, o acesso aos comércios da rodovia sempre são mantidos. "Há dificuldades, mas estamos sempre em diálogo para minimizar os problemas. Equipes da prefeitura, junto com as empresas executoras, fazem reuniões periódicas e extraordinárias com os moradores e comerciantes", afirma.

De acordo com Justus, as obras estão dentro do prazo. Ao custo de R$ 121 milhões, elas foram iniciadas em janeiro deste ano e devem terminar em maio do ano que vem. Em diferentes fases e estágios, há obras de drenagem, terraplenagem, escavações, pavimentação e meio-fio, nas marginais e nos canteiros. Cerca de 100 máquinas, 150 caminhões e 500 homens estão envolvidos no trabalho.

Uma das principais dificuldades nesta fase, segundo o coordenador da Linha Verde, é encontrar a real localização dos cadastros (caixas e linhas de transmissão) das concessionárias de gás, água, luz e telefonia. "O cadastro é frágil e apresenta surpresas. Há cerca de 50 anos, quando foi feita a rodovia, não houve o cuidado de fazer uma radiografia precisa da localização destes cadastros. Por isso, temos de fazer ajustes nas obras e no calendário, trabalhando fins de semana para cumprir os prazos", explica. Recentemente, um tubulação de água foi rompida durante a execução dos serviços na rodovia no Hauer e por algumas horas cerca de 200 mil residências ficaram sem abastecimento.

Outra dificuldade apontada por Justus é a necessidade de reconstituição do solo. "Ali o solo original é muito frágil e deverá suportar uma alta freqüência de movimento. Então temos de escavar e reconstituir com material de boa qualidade", afirma.

O trecho que concentra mais obras vai do Pinheirinho ao Hauer. Na altura do viaduto da Avenida Marechal Floriano Peixoto, um novo sistema de drenagem de água está sendo implantado. "Por ser uma região baixa e em uma área toda impermeabilizada, a Marechal Floriano sempre teve problemas de inundação. Mas não haverá mais este tipo de problema a partir do ano que vem", afirma Justus. Além da drenagem, três dos quatro binários que vão ligar os dois lados da rodovia estão em execução: Vila São Pedro, Santa Bernadethe e Fanny. Apenas as obras do binário PUC ainda não foram iniciadas.

E até o fim de setembro, os motoristas que costumam passar pela região vão verificar outra grande mudança. As novas vias locais, que estão sendo construídas nas margens da rodovia, passarão a ser utilizadas como desvio, em alguns trechos, quando as obras forem executadas nas faixas centrais da Linha Verde.

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