
Rio de Janeiro - Uma semana após iniciar as investigações sobre o desabamento de três prédios no centro do Rio de Janeiro, ocorrido no dia 25 de janeiro, a Polícia Civil já tem certeza que a empresa Tecnologia Organizacional (TO), que realizava obra no 9.º andar, modificou a estrutura de outros cinco andares do edifício Liberdade. As paredes destes andares, que foram derrubadas, tinham função de sustentação. A direção da TO nega ter realizado obras na estrutura. "Estou convicto que nossas reformas não afetaram a estrutura do prédio. Nossas reformas são internas", afirmou Sérgio Alves, diretor-presidente da TO.
O delegado Alcides Pereira não tem essa mesma convicção. Após dez dias, 23 depoimentos, um vídeo de pouco mais de cinco minutos e conversas com peritos, ele está convencido de que entre os fatores que levaram ao desabamento estão as obras da TO.
A empresa ocupa seis andares do prédio há 13 anos. Nos cinco andares já reformados (3.º, 4.º, 6.º, 10.º e 14.º) houve orientação de arquiteto e engenheiro. Em todos eles, paredes foram derrubadas e grandes salões abertos.
Para a obra do 9.º andar, a arquiteta e o engenheiro foram dispensados. No depoimento, Alves afirmou que isto aconteceu porque o que seria feito era semelhante aos outros andares.
A partir do vídeo feito por um operário, mostrando as obras do 9.º andar, peritos e o delegado concluíram que as paredes tinham uma função de sustentação. As imagens mostram uma coluna parcialmente quebrada com vergalhões à mostra. Depois, novas imagens mostram a coluna no chão. O mesmo aconteceu com as vigas no teto que, segundo peritos, também sustentavam o prédio. O vídeo mostra uma perfuração na viga do 9.º andar e rachadura no teto.
A perícia avalia ainda se os dois andares construídos sobre o 18.º andar também possam ter contribuído para a queda do edifício.
O acesso ao 19.º e ao 20.º era feito apenas de escada. Não havia elevador. A apólice de seguro do prédio não cobria desabamento, só danos causados por incêndio, raio ou explosão.
Até ontem 17 corpos foram resgatados entre os escombros do desabamento dos três prédios na Cinelândia e cinco pessoas continuam desaparecidas.



