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Urbanismo

Oito meses de transtornos e prejuízos na Mal. Floriano

Comerciantes e moradores da avenida curitibana reclamam de demora e riscos trazidos pelas obras

O comerciante Roberto Façanha aponta problemas na obra da Av. Marechal Floriano Peixoto: reflexo é a queda de 50% no movimento | Ivonaldo Alexandre/Gazeta do Povo
O comerciante Roberto Façanha aponta problemas na obra da Av. Marechal Floriano Peixoto: reflexo é a queda de 50% no movimento (Foto: Ivonaldo Alexandre/Gazeta do Povo)

Entulhos, buracos, esquinas sem calçamento, bloqueios que mudam constantemente de local, travessias que expõem pedestres a risco falta de sinalização e de agentes de trânsito, canos entupidos, lojas alagadas, veículos estacionados em local proibido, congestionamentos e muita irritação por parte de comerciantes, moradores e motoristas. Esse é o retrato da Avenida Marechal Floriano Peixoto, uma das principais de Curitiba, desde o dia 27 de dezembro de 2007, quando a prefeitura iniciou as obras para trocar o piso nas canaletas dos ônibus expresso, entre a Praça Carlos Gomes, no Centro da cidade, e a BR-476 – a futura Linha Verde, principal obra da atual administração municipal.

Quase oito meses depois do início dos trabalhos, a impressão ao se observar o trajeto de aproximadamente 5 quilômetros entre o Centro e o bairro Boqueirão é a de uma obra ainda longe de chegar ao fim. Na quinta-feira da semana passada, a pista central da avenida, destinada aos ônibus, estava bloqueada em pelo menos oito quadras (veja ao lado), o que obriga os motoristas a dividirem espaço com ônibus. Por toda a extensão da Marechal Floriano, a partir da Avenida Sete Setembro, no Centro, há entulhos nas calçadas, buracos com sinalização precária e carros estacionados nos locais em que a calçada ainda não foi reconstruída.

O cenário é propício para acidentes. É raro encontrar pessoas que trabalham ou passam pelo local que não tenham se acidentado ou visto algum acidente. "Caí na esquina da Marechal Floriano com a Getúlio Vargas. Estava chovendo e faltava uma pedra na calçada", afirma Vicente Soviersosky, 65 anos, dono de uma banca de revistas e morador do bairro Rebouças há 25 anos. "Bem na hora passava um Ligeirinho, por pouco não passou por cima da minha cabeça." Quedas também são comuns na saída da lanchonete da comerciante Eloí Aparecida Rodrigues, 63 anos. A causa é a falta de grades sobre os dutos destinados a escoar a água da chuva na frente das portas dos estabelecimentos. "Esse buraco está com a boca aberta já faz um tempão. Eu caí e quase quebrei o tornozelo", afirma Eloí. A ausência das grades leva a outro problema: o entulho entope os canos, o que provoca alagamentos dentro das lojas. "Se der um toró, a água entra mesmo. Na semana passada, encheu", revela o sapateiro Jedelte Fernandes, 57 anos.

O comerciante Roberto Façanha, 45 anos, diz que o movimento caiu cerca de 50% desde o início das obras. "Os clientes perguntam onde eu estou. Quando sabem que é na Marechal Floriano eles desistem, porque um dia a rua está aberta, no outro está fechada", comenta. "Os acidentes são comuns, tem locais com entulho há 60 dias sem sinalização, imóveis estão alagados. A obra está prejudicando quem paga impostos, mas a despreocupação é gritante."

Outra reclamação dos comerciantes é em relação à ausência de agentes de trânsito no local para orientar motoristas sobre bloqueios e desvios. Nas tardes de quarta e quinta-feira da semana passada, a reportagem percorreu o trecho em obras da Marechal Floriano e não viu nenhum agente da Diretoria de Trânsito de Curitiba (Diretran).

Por meio de sua assessoria, a Urbs (empresa que gerencia o trânsito na capital) informou que há uma escala de agentes específica para a obra na Marechal Floriano. Segundo a assessoria, um agente permanece no local assim que é feito algum desvio, para orientar os motoristas, e também é solicitado auxílio da Batalhão de Trânsito da Polícia Militar (BPTran). Em caso de problemas, a população deve entrar em contato com a prefeitura pelo telefone 156.

Atraso

A reportagem entrou em contato com a assessoria da prefeitura, mas foi informada que não seria possível conversar com o coordenador do Programa de Transporte Urbano de Curitiba, Wilson Justus. Segundo a assessoria, a obra tem várias etapas e por isso não é possível concluir os trabalhos em um determinado trecho para só então iniciar em outro. As etapas incluem serviços de terraplenagem, drenagem, pavimentação, reconstrução de calçadas e meio-fios e mudança de equipamentos da Copel e de outras concessionárias.

Em relação às esquinas sem calçamento, a assessoria informou que a instalação de semáforos depende de outra licitação, e que não haveria sentido consertar a calçada e ter de refazê-la novamente. Segundo a assessoria, a instalação de 17 semáforos inteligentes (que terão sensores para fechar ou abrir o sinal, dependendo da aproximação dos veículos) começou na última quinta-feira. Já em relação a calçadas desniveladas, a prefeitura informou que a Marechal Floriano é uma via com 169 anos de existência e que há um grande número de imóveis construídos em níveis diferentes. Já as grades sobre as valetas destinadas a escoar a água da chuva serão recolocadas. Segundo a assessoria, desde dezembro foram feitos quatro quilômetros de canaleta em concreto – a obra será concluída em outubro.

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