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Onde eu deixo a minha bike?

Falta estacionamento para bicicletas no Centro de Curitiba. Estabelecimentos não aceitam guardá-las porque o seguro não cobre roubos ou danos

O publicitário Guilherme usa a bike para ir ao trabalho | Henry Milleo/ Gazeta do Povo
O publicitário Guilherme usa a bike para ir ao trabalho (Foto: Henry Milleo/ Gazeta do Povo)

O publicitário Guilherme Glir, de 24 anos, usa a bicicleta como principal meio de transporte. É com ela que ele vai de casa, no Campina do Siqueira, até o trabalho, no Juvevê. O problema é quando ele precisa ir ao Centro de Curitiba. Temendo um roubo caso a deixe na rua, precisa sempre contar com os estacionamentos de carro para ter alguma segurança. Mas, na prática, isso não ocorre. "Existe um descaso generalizado dos estacionamentos para com os ciclistas. Os poucos que deixam você estacionar não se responsabilizam se alguém roubar ou se um carro bater na bike. Falam pra você amarrá-la num palanque, lá no fundo, de um jeito que ‘não atrapalhe a vaga de nenhum carro’", conta. "Na rua é que não dá pra deixar. O estacionamento de bicicleta nas praças é uma das coisas mais inseguras que já vi", completa.

Uma rápida circulada pelos estacionamentos do Centro confirma o fenômeno: em estacionamento, bicicleta não tem vez. Nem mesmo pagando. Dos 15 estabelecimentos visitados pela reportagem, apenas quatro permitiram que a bicicleta fosse guardada ali: três na base da informalidade. "Depois você compra uma Coca-Cola pra gente", disse um funcionário. O quarto deles, o Estacionamento Zacarias, na Marechal Deo­doro, permite mediante o pagamento do mesmo valor para as motocicletas: R$ 9 por hora. Em todos os outros, a mesma recusa: o estabelecimento não pode se responsabilizar por eventuais danos ou roubos da magrela, razão pela qual nem todos que aceitam.

Boa parte da recusa pode ser explicada burocraticamente. De acordo com a gerente da Clamer corretora de seguros, Carla Faria, existe um seguro para estacionamentos pagos que é contratado por alguns estabelecimentos da cidade. Não existe uma lei para isso. "O seguro pode cobrir por colisão, roubo e incêndio ou só roubo e incêndio, mas ele não vale para bicicletas", detalha.

Além disso, as leis não atingem em cheio o problema. Não há uma lei que especifique ou obrigue os estacionamentos de Curitiba a reservarem parte de suas vagas para bicicletas. Em fevereiro deste ano, o prefeito Gustavo Fruet (PDT) assinou um decreto que obriga as novas construções a se adequar. Os estacionamentos que já existem, entretanto, não têm essa obrigação.

Segura

Como solução para o problema, Guilherme Glir deixa sua bicicleta na Bicicletaria Cultural, ao lado da Praça Santos Andrade, quando precisa ir ao Centro. "Mesmo que seja longe do destino final, sei que ela fica segura por ali". O centro de cultura e de cicloativismo tem um bicicletário com 70 vagas, de acordo com o sócio proprietário Fernando Rosenbaum, mas recebe uma média diária de 15 a 20 bicicletas apenas. "Muita gente não faz um estacionamento para bicicletas porque é um serviço social, o retorno é muito baixo e não compensa financeiramente", explica Rosenbaum. A hora cobrada é simbólica: R$ 1. O ciclista ainda pode ser cobrado pelo dia (R$ 4) e ser mensalista (R$ 40).

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