
No feriado do dia 8 de setembro, a advogada Leila Olandoski Kruta procurou um programa de lazer diferente para fazer com o filho de dois anos e o marido. Foi a um parque ecológico no bairro Umbará, em Curitiba, que oferecia desde passeios a cavalo ao tranqüilo pedalinho. Preferiu a segunda opção pela segurança. Durante o passeio, entretanto, o pedalinho começou a afundar e virou.
"Foi um trauma, mesmo com colete salva-vidas. Eu tremia e chorava desesperadamente", lembra. Passado o susto, Leila ingressou com uma ação no Ministério Público (MP), pedindo a interdição do Parque Ecológico Costa. "Ao pesquisar o assunto, me chamou a atenção a falta de cautela que os parques têm com a manutenção de pedalinhos."
A coordenadora-regional da ONG Criança Segura, Alessandra Françóia, aponta que não há especificações sobre a segurança de parques aquáticos e de diversão. Segundo ela, como não existe uma regra regulamentada pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), também não há fiscalização. "Não tem como saber se o brinquedo está seguro. A criança precisa dessa segurança, já que não vai ficar cuidando dela mesma."
A assessoria de imprensa da ABNT confirma que não existe a regra. O motivo seria a falta de interesse dos proprietários de parques em normatizar o setor. Diante do impasse, o presidente da comissão especial da Câmara Municipal de Curitiba para normatização no uso de brinquedos infláveis, Tico Kuzma (PSB), acredita que o trabalho dos vereadores poderá ser estendido para outros produtos e parques. A comissão foi criada após o acidente de 16 de setembro, quando duas crianças morreram na associação da Siemens ao cair de um castelinho pula-pula inflável.
O responsável pelo Parque Ecológico Costa, onde aconteceu o acidente com Leila, Wagner Luiz de Oliveira, explica que não há motivo para preocupação. "Aquilo foi um caso isolado e o lago é raso, tem no máximo 1,5 metro de profundidade", afirma. Além disso, ele conta que os pedalinhos foram trocados há uma semana.
Liberação
Os locais públicos da capital que têm alvará da prefeitura para oferecer brinquedos são apenas dois: Passeio Público e Parque Barigüi. A fiscalização nos pedalinhos destes parques só é feita a partir de solicitação, sem caráter permanente. No caso de parque de diversão também acontece uma vistoria anual do Corpo de Bombeiros e do Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Paraná (Crea-PR).
Em 2006, o Crea constatou a necessidade de adaptações no parque de Alvorada, no Barigüi. A mais grave era a falta de proteção em motores de brinquedos e em fios desencapados ajustes já foram feitos.
"Temos 30 brinquedos funcionando, tudo revisado. Começamos no Passeio Público em 1960 e no Barigüi, em 1980", comenta o proprietário do Parque Alvorada, Mílton França Ribeiro. "Nunca tive acidente. Ninguém pode falar nada porque nós cuidamos." O empresário também é responsável pelo pedalinho. Ele afirma que não há chance de a embarcação virar.
O permissionário do pedalinho e do restaurante do Passeio Público há 6 anos, Cássio Schamek, concorda com a opinião. "Isso é um brinquedo que deve ser usado com o máximo de cuidado, mas ele se assemelha a um bote de uma piscina."
Já os freqüentadores do Passeio ficam em alerta devido ao estado de conservação dos pedalinhos. "Meu filho ficou doidinho para ir, mas eu tenho medo", afirma a auxiliar-administrativa, Silvani Oliveira. "Passa a impressão de que não tem responsabilidade", opina o desempregado Ricardo Colaço.
Antes de usar um pedalinho, é recomendável que os pais avaliem o estado de conservação e as condições de salvamento em caso de emergência. Além disso, sempre é bom lembrar que crianças não devem usar pedalinho sem o acompanhamento de um adulto e uso de colete salva-vidas.



