
Modelo usado por grandes empresas, as franquias se mostram vantajosas também para instituições sem fins lucrativos. Ainda pouco conhecida no terceiro setor, a prática consiste em aplicar o mesmo nome, estatuto e identidade visual de uma entidade social de sucesso em outra localidade, na busca pela ampliação da sua área de atuação. Diferentemente do que ocorre no âmbito empresarial, o resultado das franquias sociais não é calculado pelo lucro gerado, mas pelo número de pessoas atendidas e pelo fortalecimento das instituições.
A coordenadora do Núcleo Interdisciplinar de Estudos sobre o Terceiro Setor (Nits) da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Ana Lucia Jansen, explica que a franquia social torna-se uma cooperação desprovida de envolvimento financeiro e tem um alcance maior do que os contratos comerciais, porque não se baseiam na mercantilização dos modelos de sucesso. "É a doação de uma organização, que cede sua metodologia e sua marca em prol de outras organizações."
Segundo a coordenadora, são poucas as franquias sociais no Brasil e ainda é preciso fazer algumas experimentações. "O tema é novo e ainda não há um consenso sobre o assunto. Porém já sabemos que é necessária uma adaptação do modelo de acordo com a realidade em que será replicado. Essa é uma condição sine qua non para que haja chance de sucesso."
Vantagens
Entre as vantagens da adoção desse sistema, Ana Lucia ressalta o impacto positivo nos atores envolvidos no projeto. "Para o franqueador o primeiro grande benefício é expandir o atendimento, a ação de sua organização por meio das franqueadas, atingindo um público que sozinho ele não conseguiria atender. É ver sua atuação maximizada, multiplicada."
Segundo a pesquisadora, para quem deseja implantar uma franquia social em sua comunidade o maior benefício é contar com a experiência da organização cuja metodologia está sendo replicada, aumentando as chances de o resultado final ser atingido. "E a sociedade ganha ao poder ter acesso a serviços prestados com qualidade por uma instituição. É um benefício institucional e social", afirma Jansen.
Aulas de circo são atividades de franqueada
No município de Fazenda Rio Grande, na Região Metropolitana de Curitiba, uma iniciativa que aplica a ideia de franquia social há três anos trouxe bons resultados. O Centro de Assistência e Desenvolvimento Integral (Cadi) busca o desenvolvimento de tecnologias de educação e assistência, via políticas públicas, além de auxiliar projetos que promovam o desenvolvimento local e a defesa dos direitos. As aulas de circo (foto) fazem parte do eixo de atuação da cultura do Centro, que atende crianças e adolescentes de 4 a 16 anos e suas famílias.
O Cadi existe desde 1994 e está presente em diversos estados. "A vantagem é que, como a missão e visão estão prontas, a franqueada antecipa etapas e prospecta recursos não mais como uma organização recém-criada", diz o diretor-executivo da unidade de Fazenda Rio Grande, Marcel Lins Camargo.



