
Um seminário organizado pela Fundação Itaú Social em Curitiba mostrou que gestores de projetos sociais precisam fazer a avaliação econômica de seus trabalhos se quiserem saber qual o impacto positivo atingido. Foi assim que o Instituto Compartilhar, organização criada pelo técnico de vôlei Bernardinho, descobriu que, com um único projeto, economizava aos cofres públicos cerca de R$ 40 mil por ano. A ação, desenvolvida na Vila das Torres, ensina diversas modalidades esportivas para 150 crianças inseridas no Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (Peti).
A organização participou de um curso ministrado pela Fundação Itaú Social e aplicou o processo de avaliação econômica. Os gestores reuniram dois grupos de crianças, um formado por quem frequentava o projeto e outro, não. A hipótese era de que participar das atividades esportivas melhorava a frequência escolar. Com dados em mãos sobre a vida escolar dos meninos e meninas eles descobriram que isso era verdade. A partir daí, puderam calcular o quanto o projeto trazia de retorno financeiro para o país.
De acordo com o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), o governo gasta cerca de RS 10 bilhões por ano com estudantes que repetem a série. Como a possibilidade de reprovação é mais difícil em alunos com alta taxa de frequência, os gestores do Instituto Compartilhar descobriram que o governo gastaria R$ 250 mil se as 150 crianças do projeto reprovassem. O custo total anual do projeto é R$ 209 mil, o que proporciona uma economia de R$ 41 mil por ano.
A metodologia para calcular o impacto que as organizações do terceiro setor causam na redução da desigualdade foi criada pela Fundação Itaú Social, que oferece um curso chamado "Avaliação Econômica de Projetos Sociais" desenvolvido pela área de controle de riscos do banco. O objetivo é que as organizações possam medir quantitativamente se seus projetos estão sendo eficazes ou não. Além de nortear as ações das próprias organizações, a medida também ajuda investidores a aplicar seus recursos em projetos que efetivamente vão contribuir para diminuir a desigualdade social.
A economista Cláudia Cavalieri diz que este tipo de monitoramento é importante porque o Brasil é um país com muitas demandas sociais e o dinheiro de investidores não pode ser desperdiçado com iniciativas que não tem ações efetivas. "E é positivo também para o outro lado. Provar a eficiência é uma ótima carta de apresentação".
O Programa Coca-Cola de Valorização dos Jovens também implantou uma avaliação semelhante e constatou que as ações desenvolvidas resultavam em um índice de 85% de aprovação em adolescentes que antes estavam a um passo de abandonar a escola. Para a diretora da Fundação Itaú Social, Ana Beatriz Patrício, a avaliação traz transparência na aplicação dos recursos e auxilia na tomada de decisões. "Com isso, há maior estimula na ampliação dos investimentos na área social."



