
Dois acidentes de ônibus são registrados por dia em Curitiba. Segundo dados preliminares do Corpo de Bombeiros do Paraná, de janeiro a 5 de julho deste ano foram 465 batidas ou atropelamentos envolvendo qualquer tipo de ônibus, que deixaram 270 pessoas feridas. Só em um acidente ocorrido ontem, duas pessoas morreram e quatro ficaram feridas. Em outro caso, uma pessoa se feriu.Se o número de ocorrências continuar nesse ritmo, é possível que 2011 seja mais violento que o ano passado, quando foram registrados 819 acidentes. Segundo o Batalhão da Polícia de Trânsito (BPTran), 582 pessoas ficaram feridas em acidentes envolvendo coletivos em Curitiba no ano passado. Quase 30% das ocorrências foram de colisões transversais. Em seguida aparecem quedas de passageiros (15% dos casos) e atropelamentos (11,4%).
Mortos e feridos
O acidente que causou duas mortes aconteceu por volta das 5h20 de ontem, no bairro Boqueirão, e envolveu um ônibus da linha Alto Boqueirão (que ainda estava sem passageiros) e um caminhão. Segundo o BPTran, os dois motoristas furaram o semáforo, que estava em sinal de alerta (apenas com uma luz piscando). Testemunhas disseram que Guilherme Krummenauer, 46 anos, estava próximo a um ponto de ônibus e morreu ao ser atropelado. Ele teria sido atingido pelo caminhão, informação não confirmada pelo BPTran.
O motorista do ônibus perdeu o controle do veículo e invadiu uma casa de madeira. Três adultos e seis crianças estavam na casa, mas não se feriram. O motorista do ônibus, Adriano Rocha, 30 anos, foi encaminhado para o Hospital Cajuru, mas morreu. A cobradora foi internada e recebeu alta no início da tarde de ontem. Três pessoas que estavam no caminhão ficaram feridas, entre elas o condutor, de 38 anos, que foi levado para o Hospital do Trabalhador. Os outros dois ocupantes do veículo, de 17 e 18 anos, tiveram ferimentos leves e foram encaminhados para os hospitais Cajuru e Trabalhador. Clécio Leandro Rodrigues Júnior, 28 anos, morador da casa atingida, disse que representantes da Viação Tamandaré, proprietária do ônibus, estiveram no local para avaliar os prejuízos. A Polícia Cientifica esteve no local. A Urbanização de Curitiba S/A (Urbs) não se manifestou.
Na outra ocorrência, uma mulher de 36 anos ficou ferida em um acidente envolvendo um ônibus do transporte coletivo e um veículo, no bairro Campo Comprido, na manhã de ontem. A colisão ocorreu no cruzamento da Avenida Juscelino Kubitschek com a Rua Eduardo Sprada, por volta das 6h35. A vítima foi encaminhada para o Hospital Evangélico e seria avaliada pelo setor de neurologia. Nenhum passageiro do ônibus ficou ferido.
Sinal
Gérson Teixeira, auxiliar de comunicação do BPTran, faz uma recomendação: não passar em alta velocidade quando o sinal está piscando. "É preciso atenção dobrada. Os motoristas dos dois veículos deveriam ter parado e dado uma olhada antes de atravessar", diz. "Os acidentes são provocados por uma série de fatores. Nem sempre a culpa é do motorista do ônibus. Tem pedestre que anda fora da faixa ou usa as canaletas."
Para o coordenador do Fórum de Mobilidade Urbana de Curitiba, André Caon, o número de acidentes põe em xeque a eficiência do transporte coletivo da capital. "A velocidade média cresceu, a superlotação também. Toda vez que acontece um acidente, é grande a chance das pessoas se ferirem."
Na opinião do economista Lafaiete Neves, autor do livro Movimento Popular e Transporte Coletivo em Curitiba, é necessário investigar a pressão para os motoristas cumprirem horários. "Falta uma solução urgente da Urbs para esses graves acidentes que se repetem com frequência."



