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Transporte

Ônibus vazio? Só fora dos horários de pico

Seu Ivo construiu um banco no ponto de ônibus que fica em frente da sua papelaria, no Novo Mundo: descanso durante a espera | Daniel Castellano/ Gazeta do Povo
Seu Ivo construiu um banco no ponto de ônibus que fica em frente da sua papelaria, no Novo Mundo: descanso durante a espera (Foto: Daniel Castellano/ Gazeta do Povo)

Criticado pelos indícios de esgotamento, o transporte público de Curitiba ainda oferece, durante boa parte do dia, assentos vazios em seus veículos. Para usufruir do benefício é bastante "simples": basta andar de ônibus fora dos horários de pico, sobretudo das 9 às 11h30 e das 14 às 16 horas. Entre 45% e 55% dos usuários, dependendo da regional da capital, dependem do ônibus para trabalhar e estudar, atividades com horários rígidos, de acordo com pesquisa da Urbanização de Curitiba (Urbs) realizada em 2005. Conforme a companhia, o intervalo entre 9 e 17 horas – descontando o inchaço do almoço – é considerado tranquilo.

Aliás, há consenso entre especialistas sobre o horário de pico: é um problema típico de todos os transportes coletivos, comum inclusive fora do Brasil. "O sistema precisa ser dimensionado pela maior demanda. Por issow funciona folgado quando não está nesses horários", explica o diretor do curso de Arquitetura e Urbanismo da Pontifícia Universidade Católica (PUCPR), Carlos Hardt.

Apesar do conhecido aumento de movimento, cada região e até cada tubo tem especificidades. Há um comportamento padrão no caso das paradas iniciais, como são a Rui Barbosa para o expresso Pinheirinho e a Carlos Gomes para o biarticulado Boqueirão. "As pessoas só entram no ônibus quando podem sentar. Se não há assento vago, elas esperam até o próximo carro chegar", diz o cobrador Valdemir, que preferiu não informar seu sobrenome. Nas outras paradas, ocorre o contrário. "Nos outros tubos, as pessoas tentam entrar, mesmo não havendo espaço", relata.

Pode-se até conhecer o comportamento dos usuários, mas não existe pesquisa da Urbs indicando quem são os passageiros do transporte coletivo de Curitiba baseada em horários. Há estudos sobre renda, número de ônibus usados e outros padrões. Sem o critério científico, resta se basear na observação de quem acompanha pontos durante todo o dia, caso de Ivo Rasmussen, proprietário de uma papelaria no Novo Mundo. Do balcão, seu Ivo vê o ponto do Vila Fanny e teoriza sobre o transporte. A primeira observação: atrasos são comuns. Para facilitar a vida dos usuários, seu Ivo colou os horários da linha na papelaria. "O pessoal entra, percebe o problema e reclama", diz.

Até as 9 horas da manhã, segundo a teoria de seu Ivo, trabalhadores e estudantes são os usuários do transporte. Depois, até o meio-dia, saem para passear idosos e quem está desocupado. Nas duas horas seguintes, o movimento volta a crescer com os estudantes indo e voltando das escolas. O melhor horário para viajar pelo transporte coletivo – pelo menos na linha Vila Fanny – é entre as 14 e 16 horas. "Depois disso fica bem complicado. É um fluxo muito grande de pessoas, os ônibus vêm e vão cheios", diz.

Conforto

Seu Ivo se preocupa com os usuários do Vila Fanny. Ele tornou o ponto praticamente único na cidade: construiu um banco sob a cobertura. "A gente vê os velhinhos esperando ônibus de pé. Não custa construir um banco para eles descansarem durante a espera", resume.

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