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A ONU mantém a defesa da criminalização do comércio de drogas no relatório divulgado ontem. A tese defendida pela entidade é de que a legalização não ajudaria no enfrentamento ao crime organizado, nem melhoraria o comportamento dos usuários. "Haveria sim uma epidemia do uso de drogas", disse o representante do Escritório da ONU sobre Drogas e Crime no Brasil e Cone Sul, Bo Mathiasen.

Ele citou como exemplo o álcool e o tabaco. "O consumo global dessas substâncias cresce justamente porque elas são legais. Só isso já nos oferece uma pista do que pode acontecer."

Mathiasen declarou que hoje nenhuma nação posiciona-se oficialmente contra o atual sistema de combate às drogas proposto pela ONU. Na última década, a organização defende uma mescla de políticas de prevenção e repressão sistemática ao comércio de entorpecentes, que envolve ações militares em todo mundo. A proposta, entretanto, é cada vez mais questionada.

No Brasil, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso tem se manifestado a favor da descriminalização. Em entrevista ao jornal britânico The Guardian, publicada há um mês, ele disse que a repressão armada contra as drogas é um "fracasso". "A guerra contra as drogas é baseada na corrupção. Como as pessoas podem acreditar na democracia se a regra da lei não funciona?", afirmou.

Cardoso é membro da Comissão Latino-Americana para Drogas e Democracia, formada por 17 líderes da região. A ideia original de descriminalizar a posse de maconha foi levada à ONU em março, mas não foi atendida até agora. Para o ex-presidente, o avanço da discussão depende do apoio dos Estados Unidos e Barack Obama já teria demonstrado interesse no debate.

Durante a apresentação do relatório, realizada no Palácio do Planalto, o secretário nacional de Políticas sobre Drogas, Paulo Roberto Yog de Miranda Uchoa, disse que a gestão Lula não está interessada em ficar de fora do contexto mundial. "Essas declarações (de Cardoso) mostram que a discussão permanece em evolução. Mas a postura do governo federal tem sido muito clara (contra a legalização)."

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