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Fronteira

Operação anticontrabando leva 29 policiais para a cadeia no PR

Polícia Federal desarticula quadrilha que trazia mercadorias ilegais do Paraguai com a conivência de policiais. Ao todo, 108 mandados de prisão foram expedidos

Cerca de 560 agentes da Polícia Federal deram suporte à operação no Paraná e em mais cinco estados: foi a maior ação da história desencadeada para prender policiais envolvidos com o crime | Fotos: Christian Rizzi/ Gazeta do Povo
Cerca de 560 agentes da Polícia Federal deram suporte à operação no Paraná e em mais cinco estados: foi a maior ação da história desencadeada para prender policiais envolvidos com o crime (Foto: Fotos: Christian Rizzi/ Gazeta do Povo)
A maioria dos detidos foi encaminhada para Francisco Beltrão: 69 presos no total |

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A maioria dos detidos foi encaminhada para Francisco Beltrão: 69 presos no total

Pelo menos 29 de 43 policiais acusados de cobrar propina para liberar veículos carregados com mercadorias contrabandeadas do Paraguai foram presos pela Polícia Federal (PF), ontem, no Paraná e em mais cinco estados durante a Ope­ração Láparos. A ação, desencadeada por 560 agentes da PF, também resultou na prisão de pelo menos 40 contrabandistas ligados a 16 quadrilhas, a maioria responsável pelo transporte ilegal de cigarro do Paraguai para o Brasil. Foi a maior ação da história para prender policiais no Brasil.

Ao todo foram expedidos 108 mandados de prisão e 150 de busca e apreensão pela Justiça Federal em Guaíra e Umuarama (Oeste do estado). Entre os mandados expedidos, 13 eram para a detenção de policiais civis, 29 militares e um policial rodoviário federal.

De acordo com o último balanço da operação, divulgado por volta das 18 horas, 14 policiais continuavam foragidos. Das 69 prisões, 36 ocorreram em Guaíra, 17 em Cascavel, oito em Maringá, cinco em Londrina e três em Foz do Iguaçu. A operação contou com o apoio do Ministério Público do Paraná, da Secretaria de Estado da Segurança Pública e da Corre­­gedoria Regional da Polícia Rodoviária Federal.

Segundo as investigações da PF, que duraram 14 meses, os policiais envolvidos com as quadrilhas atuavam em rodovias, estradas rurais e vias secundárias das Regiões Oeste, Noroeste e Norte do Paraná. Eles liberavam veículos carregados principalmente com cigarros e agrotóxicos, fora e durante o horário de expediente. Os produtos eram transportados via Lago de Itaipu e depois colocados em caminhões e automóveis para serem vendidos em outros estados. "Eles aproveitavam o movimento de contrabando na região para solicitar vantagens indevidas", explicou o delegado responsável pelas investigações, Fábio Tamura.

Os policiais também repassavam às quadrilhas informações sobre eventuais ações da PF para coibir o contrabando, prejudicando o trabalho da corporação, segundo Tamura. A maior parte dos policiais detidos trabalhava na cidade de Assis Chateaubriand, no Oeste do Paraná. Conforme o delegado, alguns policiais recebiam propina por mês e outros ganhavam a cada carga liberada. A polícia não informou quanto eles cobravam. Os veículos usados pela quadrilha eram adquiridos em nomes de laranjas que fraudavam contratos.

Mandados

Até o fim da tarde de ontem, nem todos mandados de prisão haviam sido cumpridos, mas as buscas continuavam. Um balanço oficial da operação deve ser divulgado somente hoje pela PF.

A investigação que resultou nas prisões começou há um ano e dois meses. Neste período, a PF já havia prendido 202 pessoas e apreendido mais de 3 milhões de pacotes de cigarros, além de 6,5 toneladas de agrotóxicos, 109 caminhões, 76 automóveis e 13 embarcações.

O Paraná foi o epicentro da operação, que incluiu ações em 38 cidades. A polícia também efetuou mandados em Curitiba e nos estados de São Paulo, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Rondônia e Mato Grosso.Os presos vão responder pelos crimes de contrabando e corrupção policial.

Investigação

"Provas são muito contundentes"

O superintendente da Polícia Federal no Paraná, José Alberto Iegas, disse ontem que as investigações da Operação Láparos devem seguir adiante para tentar encontrar outros agentes de segurança policiais envolvidos no esquema de contrabando. "É difícil imaginar que só soldado ou investigador leve dinheiro nesse esquema. Vamos investigar participação de outros policiais", afirma ele.

De acordo com Iegas, as provas produzidas durante a apuração são bastante consistentes, além de testemunhos dos envolvidos. "Há interceptação telefônica, flagrantes, muita coisa", conta. A maioria dos detidos foi encaminhada para um presídio em Francisco Beltrão, no Sudoeste do estado. Já os PMs foram entregues às suas corporações e os policiais civis seriam levados para Curitiba.

Dos 15 servidores que trabalhavam na delegacia de Assis Chateaubriand, 12 foram presos. Sete deles são policiais civis de carreira e os outros seis são comissionados, mas se apresentavam como policiais, segundo a PF. Um policial militar foi preso na região de Curitiba. Ele fazia um curso na Academia Policial Militar do Guatupê, em São José dos Pinhais.

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