Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
investigação

Operação da Polícia Civil desmonta esquema de emissão de diplomas falsos em Curitiba

Batizada de ‘Volta às Aulas’, operação investigou duas instituições particulares de ensino supletivo suspeitas de forjar a legalidade dos certificados

A “grande prova”: exame pronto ajuda a confirmar esquema investigado pela polícia | Giuliano Gomes /Tribuna
A “grande prova”: exame pronto ajuda a confirmar esquema investigado pela polícia (Foto: Giuliano Gomes /Tribuna)

Duas instituições de Curitiba que ofertam cursos supletivos são suspeitas de centralizar um esquema de emissão de diplomas falsos, desmontado pelo Núcleo de Repressão a Crimes Econômicos (Nurce) nesta quarta-feira (2) e que pode pôr em xeque uma grande quantidade de certificados emitidos na capital nos últimos dez anos. O esquema pode ter ramificação em outros estados.

Os trabalhos da polícia, iniciados há oito meses, indicam que estas duas escolas – a Paraná Cursos e o Interathyvo Supletivo – emitiam documentos falsos para alunos que buscavam concluir mais rapidamente os ensinos fundamental e médio. Contrariando a lei, que prevê tempo mínimo de 18 meses para ensino médio e 24 meses para anos finais do ensino fundamental, a investigação aponta que o sistema conseguia “formar” um aluno em até uma semana. Por isso, cinco pessoas foram presas e uma está foragida.

“Tudo era falso, pois o aluno nunca sequer pisou na instituição”, disse um dos delegados responsáveis por conduzir as apurações, Renato Basto Figueroa.

Conforme informações levantadas pela Polícia Civil desde abril, quando as investigações começaram, o esquema utilizado pelas duas instituições suspeitas consistia no recrutamento de alunos que, tão logo faziam seus cadastros, já teriam a liberdade de marcar a data das provas. Nem mesmo precisavam frequentar as aulas, e os exames eram aplicados em papel sulfite comum – sem timbres de certificação –, com possibilidade de consulta a livros.

Cobertura

Sem credenciamento para operar no sistema de ensino, estas escolas tinham cobertura do Instituto Brasileiro de Ensino a Distância (Ibed), única das três instituições ligadas ao esquema que conseguia emitir os certificados junto à Secretaria de Estado da Educação do Paraná (Seed).

“Eles mesmos [do Ibed] preenchiam [a prova], davam a nota para esse aluno, e toda a documentação era encaminhada para a secretaria de educação para validar o diploma como se o aluno tivesse feito as provas junto ao Ibed”, esclareceu Figueroa.

O delegado disse ainda que o instituto recebia entre R$ 200 e R$ 300 por aluno “encaminhado”. “Um documento muito importante que apreendemos é uma prova do Ibed, já com a nota, com menção de aprovado, sem nome do aluno e sem preenchimento. Isso comprova a fraude de toda a nossa investigação”, afirmou.

A Seed informou que está colaborando com as investigações do Nurce sobre o esquema de falsificações. A reportagem questionou se as escolas de ensino supletivo são fiscalizadas pelo órgão, de modo que seja possível atestar a frequência dos alunos e o conteúdo lecionado. A secretaria informou que a autorização de funcionamento de uma instituição de ensino no Paraná obedece a uma série de requisitos legais conforme a modalidade que será ofertada, englobando avaliação da estrutura física, da equipe pedagógica, do projeto político-pedagógico e regularidade fiscal, entre outros.

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.