
Foz do Iguaçu - Militares da Operação Fronteira Sul 2 destruíram ontem 10 portos clandestinos usados por quadrilhas à margem do Lago de Itaipu, no Oeste do Paraná. Os embarcadouros eram usados por contrabandistas e traficantes na fronteira do Brasil com o Paraguai. Ninguém foi preso. Prevista para encerrar na sexta-feira, 24, a ação especial reúne a Marinha, o Exército, a Força Aérea Brasileira (FAB) e órgãos de segurança.
"Mapeamos as áreas e usamos tratores e retroescavadeiras para extinguir os locais, no distrito de São Clemente, em Santa Helena", afirmou o tenente-coronel Ariel Okopny Júnior, da Comunicação Social do Comando da 5ª Região Militar e 5ª Divisão do Exército. Segundo ele, participaram da diligência tropas do Exército, da Polícia Militar e Polícia Ambiental. O número do efetivo não foi divulgado.
Conforme o tenente-coronel, a interdição dos pontos faz parte da estratégia do serviço de inteligência das Forças Armadas. Com o aumento da fiscalização sobre a Ponte da Amizade, que liga Foz do Iguaçu a Ciudad del Este, os bandos desviaram boa parte do transporte de mercadorias, armas e drogas para o reservatório da Itaipu Binacional. Não demorou muito para surgirem dezenas de ancoradouros ilegais nas margens.
À tarde, a operação também concentrou as atividades em Foz do Iguaçu, em particular na aduana brasileira. Cerca de 50 militares engrossaram a vigília na Ponte da Amizade, onde atuam Receita Federal e Polícia Federal. Fizeram, ainda, sentinela em áreas de concentração de guarda-volumes usados como depósitos de contrabando na Vila Portes.
Diplomacia
Se no lado brasileiro, a presença do contingente causa sensação de segurança, no Paraguai a ação militar foi recebida negativamente pela imprensa e até pelo presidente Fernando Lugo, que considerou os fatos "provocativos". Para agravar os ânimos, caiu mal a despretensiosa declaração de um general quanto a segurança da Itaipu Binacional. Questionado sobre a improvável necessidade de ocupar a usina, ele afirmou que executaria a manobra se recebesse ordem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
A tensão agravou-se com a manchete de ontem do principal jornal do Paraguai, o ABC Color. O diário reproduziu a reportagem publicada em O Estado de S. Paulo, dez dias atrás, sobre o Decreto 6.592. O ato presidencial, assinado em 2 de outubro, cria "graus de advertência a quem ameaçar ou cometer atos lesivos à soberania nacional, à integridade territorial ou ao povo brasileiro, ainda que isso não signifique invasão ao nosso território".
Os paraguaios consideraram o decreto uma ameaça velada de Brasília. Desde a eleição de Lugo, no primeiro semestre, as discussões bilaterais giram em torno de Itaipu em razão da proposta do país vizinho de renegociar o tratado que criou a usina. O Paraguai quer um "preço justo" pela energia elétrica produzida em excedente pelo Paraguai e vendida ao Brasil.



