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Batisti disse que há “dificuldade” em encontrar policiais que queiram trabalhar no Gaeco | Roberto Custodio/ Jornal de Londrina
Batisti disse que há “dificuldade” em encontrar policiais que queiram trabalhar no Gaeco| Foto: Roberto Custodio/ Jornal de Londrina

Reflexos

Metade das unidades do Gaeco no PR não tem delegado

A determinação da Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp) em relação ao Grupo Especial de Atuação no Combate ao Crime Organizado (Gaeco) atinge, de imediato, 27 policiais militares cedidos ao grupo. A partir disso, os novos PMs designados poderiam ficar apenas um ano cooperando com as investigações. Uma lista com nomes que deveriam ser desligados mês a mês, até dezembro, já foi requisitada pela Sesp à PM. O Gaeco acredita que, em pouco tempo, a situação também envolva a Polícia Civil. Neste âmbito, o coordenador estadual do Gaeco, Leonir Batisti, também demonstrou preocupação. Ele assinalou que faltam delegados em três das seis unidades do grupo no Paraná. Além de Londrina, que teve o delegado Allan Flore cedido para a Denarc, o cargo está vago em Guarapuava e em Foz do Iguaçu. Ainda não há previsão sobre quando ocorrerá o preenchimento das vagas. Esta falta de agentes, observou, traz reflexos ao andamento dos procedimentos em curso, um total de 638 no estado. "A falta de um componente dificulta", disse.

Pec 37

Entre as divergências recentes que marcaram a relação entre polícia e MP está a discussão da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 37, que tirava dos promotores e procuradores o direito de investigar crimes. O MP se posicionou contra a PEC, alegando que as investigações contra a própria polícia seriam prejudicadas. O comando da Polícia Civil do Paraná se manifestou a favor. A proposta acabou sendo derrubada no Congresso Nacional em junho.

Tensão

Relembre alguns fatos que abalaram a relação entre governo e Gaeco:

2006 – O então governador Roberto Requião tentou retirar os policiais durante uma investigação sobre interceptações telefônicas clandestinas.

Janeiro de 2011 – O governo estadual determinou o retorno dos policiais às corporações de origem, mas retrocedeu.

Março de 2013 – A Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp) enviou ofício ao Gaeco pedindo informação sobre os policiais cedidos.

Abril de 2013 – Estourou a Operação Vortex, que indica a participação de delegados e outros policiais civis em um esquema de cobrança de propina de donos de autopeças.

A relação entre o Ministério Público e a Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp) piorou após a realização da Operação Vortex. Foi o que admitiu ontem, em entrevista coletiva em Londrina, o coordenador estadual do Grupo Especial de Atuação no Combate ao Crime Organizado (Gaeco), o procurador de Justiça Leonir Batisti. Ele lembrou que a ordem da Sesp para que policiais militares que atuam no grupo sejam trocados veio após os desdobramentos da investigação, que desmontou esquema de corrupção envolvendo policiais na venda de veículos roubados em Curitiba. "A situação de instabilidade ou crise recrudesceu com a operação, porque coincidentemente na segunda feira (19) fomos informados de que o comando havia passado ordem para recolher todos os policiais, ordem transmutada depois para quem tem mais de dois anos de Gaeco", disse.

O procurador enfatizou que o Ministério Público não abre mão de indicar os policiais que farão parte do grupo e que o prazo estipulado para a cessão dos oficiais afetaria o andamento dos trabalhos. O posicionamento contraria a Sesp, que pretende instituir um sistema para mudar, anualmente, todos os policiais cedidos, além de indicar as pessoas para as vagas disponíveis. Batisti rebateu. "A questão essencial é que é o MP que está no fim desse trabalho, é ele quem vai sustentar a denúncia na Justiça".

A condição, reforçou ele, faz parte, inclusive, do decreto que criou o Gaeco, documento que não faz referência a prazos para a substituição dos policiais. Ao mesmo tempo, acrescentou Batisti, o MP aparece como a instituição correta para as indicações tendo em vista as dificuldades em encontrar policiais que queiram, de fato, trabalhar no Gaeco. "Temos grupos que estão sem oficial há anos, porque na região não tem policial que queria trabalhar. Há um estigma em relação a policiais no Gaeco por parte de pessoas das próprias polícias", argumentou.

Fatia pequena

De acordo com Batisti, 62 policiais, entre civis e militares, atuam nos seis núcleos do Gaeco no Paraná. O número, enfatizou, representa uma parcela mínima dos policiais em atividade no estado – cerca de 14 mil militares e 4 mil civis. Neste contexto, ele diz não entender o porquê da exigência de revezamento, enquanto outros policiais chegam a permanecer em suas bases por mais de dez anos.

Substituição de policiais não é adotada em SC

Katia Brembatti

A troca periódica de policiais cedidos ao Ministério Público não é adotada em outros estados, como Santa Catarina. "Seria melhor fechar a unidade porque ficaria impossível de trabalhar", afirma o coordenador do Gaeco de Joinville, procurador Assis Marciel Kretzer, ao ser questionado sobre o que aconteceria com o grupo de investigação caso todos os policiais fossem substituídos. Como há várias operações em curso, o procurador acredita que a substituição de agentes poderia atrasar os trabalhos.

Na região onde atua, Kretzer conta com oito militares, três policiais civis e um delegado. "A maioria deles está há muitos anos", conta. Ele destaca que há a necessidade de compatibilidade. A cessão do funcionário não tem prazo para acabar. Talvez o ideal fosse planejar esse rodízio, argumenta o coordenador do Gaeco em Joinville, para uma época oportuna, dando tempo para as investigações em curso. Ele enfatiza que não há registro na história de Santa Catarina de pedido de "devolução" de policiais cedidos ao Gaeco.

Kretzer salienta que leva bastante tempo para que um agente se familiarize com a apuração necessária em operações especiais. "Dois anos é um intervalo de tempo muito curto para preparar um agente de investigação", diz. Kretzer considera saudável que haja renovação, para que pessoas com mais disposição inicial se misturem a profissionais experientes. Contudo, ele pondera que a troca não pode ser intempestiva, autoritária e em tom de retaliação.

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