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Tradição

Os 110 anos do jovem Stuart

Bar mais antigo de Curitiba se mantém fiel a si mesmo, inclusive na “tripulação”: seu Dino continua lá, a postos

Vista geral do Bar Atuart, na Praça Osório, Centro de Curitiba: fundado em 1904, e considerado um dos patrimônios da cidade. Gerações passaram por ali | Brunno Covello/Gazeta do Povo
Vista geral do Bar Atuart, na Praça Osório, Centro de Curitiba: fundado em 1904, e considerado um dos patrimônios da cidade. Gerações passaram por ali (Foto: Brunno Covello/Gazeta do Povo)
Fachada do Bar Stuart: estabelecimento marca o cenário da Praça Osório |

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Fachada do Bar Stuart: estabelecimento marca o cenário da Praça Osório

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Interior do Bar Stuart: passado impresso nas paredes |

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Interior do Bar Stuart: passado impresso nas paredes

Detalhe de toalha de mesa, com informações sobre o Bar Stuart, o pioneiro |

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Detalhe de toalha de mesa, com informações sobre o Bar Stuart, o pioneiro

Praça Osório vista do Stuart: logradouro foi até a década de 1960 um dos mais elegantes da cidade |

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Praça Osório vista do Stuart: logradouro foi até a década de 1960 um dos mais elegantes da cidade

Cliente no interior do Stuart: clientela fiel e de ilustres paranaenses |

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Cliente no interior do Stuart: clientela fiel e de ilustres paranaenses

Garçom serve a clientela: atendimento à moda antiga |

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Garçom serve a clientela: atendimento à moda antiga

Dino Chiumento e os garçons: com 1% das ações, Dino se aposentou, mas trabalha por esporte |

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Dino Chiumento e os garçons: com 1% das ações, Dino se aposentou, mas trabalha por esporte

Cliente no Stuart: charme do bar é imorredouro |

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Cliente no Stuart: charme do bar é imorredouro

Dino Chiumento – desde 1949 às voltas com o Stuart |

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Dino Chiumento – desde 1949 às voltas com o Stuart

De garçom, nos anos 1970 Dino se tornou proprietário, até 2008 |

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De garçom, nos anos 1970 Dino se tornou proprietário, até 2008

Dino numa das mesas do Stuart: crônicas sobre a vida da cidade |

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Dino numa das mesas do Stuart: crônicas sobre a vida da cidade

Stuart está no imaginário curitibano como templo da boemia |

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Stuart está no imaginário curitibano como templo da boemia

Cliente na contraluz do Stuart: endereço onde Leminski fazia versos tem aura |

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Cliente na contraluz do Stuart: endereço onde Leminski fazia versos tem aura

Dino Chiumento na frente do célebre Stuart: o tempo não apaga |

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Dino Chiumento na frente do célebre Stuart: o tempo não apaga

Recém-chegado da Itália, com apenas 14 anos de idade, Dino Chiumento partiu com a família para o litoral do Paraná. Trabalhou por um tempo em um restaurante de Morretes, no Litoral, e foi ali que conheceu Leopoldo Mehl, então proprietário do Bar Stuart, local famoso na capital paranaense. Entre um convite e outro, Dino não pensou duas vezes. Subiu a Serra do Mar, bateu na porta do bar e logo começou a trabalhar atrás do balcão, servindo chopes e preparando drinks. Era 1949, ano em que um Dino ainda imberbe dava os primeiros passos no Stuart.

Quase 65 anos depois, segue trabalhando no bar. Fotos antigas nas paredes do local comprovam. O mais moço das imagens é ele, ao lado de ex-colegas de trabalho. Tornou-se uma figura quase folclórica: Dino Chiumento faz parte de mais da metade da história do bar que em 2014 completou 110 anos.

"Na Osório"

O Bar Stuart abriu suas portas em 1904, quando o período republicano somava apenas 15 anos no Brasil. É o mais antigo em atividade da capital do estado. Idealizado por Joseph Richter, está no quarto proprietário, Nelson Ferri. Nem sempre ficou no mesmo endereço–passou por outras duas sedes até se fixar, há 60 anos, na esquina da Praça Osório com a Alameda Cabral. O primeiro endereço foi na Rua Comendador Araújo, onde funcionou até 1927, quando foi transferido para a região da Boca Maldita.

Em 1954, o Stuart encontrou o endereço definitivo, já sob o comando dos irmãos Afonso e Leopoldo Mehl. Em 1974, Dino passou de funcionário a dono do bar, assim permanecendo até 2008, quando o repassou, mas sem deixar de bater ponto no local.

Assim que surgiu a oportunidade, Chiumento adquiriu o estabelecimento, sem pestanejar. O antigo dono, Leopoldo Mehl, estava doente e queria vender o Stuart. Dino, que já estava ali por quase 25 anos, temia ver toda sua trajetória se esvair. "Acabei comprando", conta.

Aos 79 anos, não pensa em parar. "Ficar em casa é ruim. É tanto tempo aqui, que a gente se apega. Tenho uma história. O Stuart é a continuação da minha vida", diz.

A partir de então, poucas mudanças estruturais foram realizadas no espaço. A freguesia estava acostumada e qualquer alteração poderia desagradar os clientes que tinham apreço pelo local.

Mais mudança

Em 2008, Dino vendeu 99% do bar para Nelson Ferri. O atual proprietário preferiu não mexer no nome e nem nas principais características do boteco. Nelson lembra que o bar faz parte de Curitiba e que não havia razões para alterações significativas, muito menos no nome transformado numa grife. "O Stuart cresceu com a cidade. Por muito tempo, foi um dos únicos bares daqui. Não fazia sentido mudar o nome", afirma.

Mesmo com a mudança de dono, quem for hoje ao Stuart tomar um chopinho terá grandes chances de encontrar Dino servindo a tulipa e conversando com os clientes.

Cardápio

O império dos "Testículos de touro"

O cardápio do Bar Stuart é tão vasto quanto exótico. O cliente pode transitar da trivial porção de fritas e de empadinhas às carnes de rã, jacaré, coelho ou passarinho. Mesmo com tanta opções, o forte da casa continuam sendo os "Testículos de touro", prato mais pedido do estabelecimento, acompanhado de um bom chope, como de resto.

Implantado no cardápio em 1974, os testículos podem ser servidos ao molho ou à milanesa. O veterano Dino Chiumento conta que a ideia partiu de um fazendeiro do interior. "Ele trouxe a carne para a gente. Preparamos e servimos. O pessoal gostou. Só falamos o que era depois que as pessoas perguntaram", relata Dino, que assume jamais ter provado a especiaria. "Nunca me deu vontade. Mas os clientes adoram".

Uma tradição que se perdeu com o tempo foram os sorteios das mais variadas carnes, encerrados por volta de 2008. "Sorteávamos carne de paca, tatu, costela de boi, peixe...", relembra.

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