
Capacidade rápida de entendimento, aptidão para áreas distintas do saber humano, desempenho escolar brilhante e pontuação de QI (sigla para quociente de inteligência) muito acima da média. Esses atributos podem parecer invejáveis, mas quem os possui afirma que eles trazem embutidos grande carga de sofrimento e desajuste social. Para buscar o encontro entre os iguais, pessoas de QI elevado se juntam numa associação internacional chamada Mensa.
A entidade foi fundada na Inglaterra na década de 1940, mas teve seu primeiro membro paranaense registrado há cerca de dez anos. Atualmente, o estado tem cerca de 40 "mensans", como chamam a si próprios os membros do clube. Como a maioria dos sócios paranaenses é de Curitiba, os encontros costumam acontecer na capital, na casa de algum membro a Mensa não tem sede física. Os mensans do interior do estado se reúnem esporadicamente e também participam dos fóruns de discussão virtual.
Para fazer parte do grupo, é preciso estar entre os 2% da população com QI mais elevado o que, de acordo com a estatística, equivale a obter uma pontuação acima de 135. A média do QI dos brasileiros está em torno de 100 pontos. Os exames para entrar na Mensa são sempre efetuados por psicólogos credenciados à associação.
Interesses comuns
De acordo com o coordenador da Mensa no Paraná, o empresário Sérgio Itamar, os encontros do grupo refletem a diversidade de interesses de seus membros: entram na pauta desde temas como física, matemática e filosofia até rodas musicais e jogos de pôquer e xadrez. Itamar afirma que a amplitude de gostos é uma marca comum aos mensans e também uma fonte de angústias: muitos membros têm dificuldade para escolher uma profissão, já que se interessam igualmente por áreas muito distintas.
O próprio coordenador paranaense do grupo, com 165 pontos de QI, é graduado em Direito com mestrado em Administração e doutorando em Ciências Jurídicas. Ao todo, soma 13 pós-graduações e, de quebra, toca viola, violão e outros instrumentos de corda. Andar acima da média, no entanto, tem seus custos, como as dificuldades de relacionamento. "Há uma sensação de isolamento muito grande. No colégio, não era bom chamar a atenção. Hoje chamam isso de bullying, mas na minha época era levar uns tapas na cabeça mesmo", diz.



