
Antônio Carlos Viana do Nascimento, 42 anos, é da cidade do Rio de Janeiro e faz parte das centenas de pessoas que foram deslocadas para o atendimento aos municípios serranos castigados pelo temporal. Ele foi avisado às pressas sobre a viagem e deixou a família preocupada em casa. Em Nova Friburgo trabalha em áreas de risco, sem previsão de quando irá voltar para casa.
Antônio não faz parte de nenhuma corporação militar e realiza um trabalho que normalmente as pessoas pouco notam. É motorista de caminhão e foi enviado pela empresa para a qual trabalha para transportar a lama retirada dos escombros. A proximidade com os militares envolvidos no resgate de corpos aumentou a vontade antiga dele de ser bombeiro. "Minha vontade é ajudar o próximo", diz.
O desejo em colaborar atrai pessoas de várias regiões, que poderiam estar em casa descansando. O coronel da reserva Getúlio Mello Pessoa, 56 anos, por exemplo, diz que não aguentou ver as cenas da tragédia na tevê e ficar em casa. "Ser bombeiro está no sangue."
A mesma vontade fez com que o sargento Marco Antônio Verli da Conceição, bombeiro há 20 anos, fosse um dos primeiros a atender as ocorrências. Um pequeno deslizamento na semana passada atingiu uma casa. Ao chegar lá, o bombeiro e mais dois colegas foram surpreendidos por um segundo deslizamento, em maiores proporções. Os três morreram.
O subchefe do Estado Maior, Itamar de Oliveira, que coordena as operações, conta que o sargento era conhecido no jargão da profissão como "bombeirão", por ter sido campeão em várias provas. Apesar da tristeza, a perda parece ter dado mais motivação para os colegas para continuar na missão.
O tenente Francisco Risso, que estava com eles no momento do deslizamento, relembra: "Alguém percebeu barulho e gritou vai cair. Desse momento em diante foi só reflexo. Pensei em correr o mais rápido possível e fugir da lama que vinha em nossa direção. Cena de filme de terror. Cenário do pior filme de terror que posso imaginar, de uma pessoa fugindo de uma avalanche de lama. E vinha arrastando tudo".
O coronel James de Barros, comandante do 11.º Batalhão de Polícia, diz que a família de um assessor dele do batalhão também foi atingida. Para o coronel, situações como essa deixam os policiais mais apreensivos em relação ao risco, mas não desmotivados.
Vida dura
A rotina é puxada para os que trabalham na tragédia. O mecânico Jucimar Ribeiro de Jesus, 20 anos, que está ajudando no enterro das vítimas no Cemitério Municipal de Teresópolis, chegou a trabalhar até tarde da noite enterrando os corpos. Os coveiros estão de plantão no cemitério porque a qualquer momento pode chegar um caminhão do Instituto Médico-Legal com corpos para serem sepultados. "É bem triste. A pior parte é quando você vê caixão de criança e nenê", conta Jucimar. "Faço de tudo. Só não boto a mão no caixão. Acho que não vai me fazer bem."
Onde doar
Veja como ajudar:
- Ruas da Cidadania A FAS receberá os donativos nas Ruas da Cidadania e na sede central da prefeitura. Lotes de grande quantidade de donativos podem ser informados pelo 156.
- Cruz Vermelha Unidades da Cruz Vermelha em Curitiba receberão os donativos, que podem ser entregues na sede da instituição, na Av. Vicente Machado, 1310, Batel.
- Postos de coleta Os postos da PRF no Paraná e as unidades do Corpo de Bombeiros do litoral também recebem donativos.
- Hospital das Nações Os donativos podem ser entregues na recepção do hospital, na Rua Raphael Papa, 10, Alto da XV.
Depósito bancário
- Banco do Brasil: conta 110000-9, agência 0741.
- Banco Itaú: conta 00594-7, agência 5673.
- Caixa Econômica Federal: conta 2011-0, operação 006, agência 0199 (Defesa Civil do RJ)
- Bradesco: conta 2011-7, agência 6570-6 (Fundo Estadual da Assistência Social do RJ)



