Um homem de 53 anos recebeu na quarta-feira (4) um novo coração no Instituto do Coração (Incor), em São Paulo. Até aí, nada de mais - não fosse o fato de que agora ele viverá com dois corações lado a lado. Em 30 anos, essa é a sexta vez que um paciente passa por essa cirurgia no hospital. O coração sadio foi colocado do lado direito do peito em uma cirurgia que durou cerca de 12 horas e vai auxiliar o coração "antigo" a exercer sua função de bombear sangue para os órgãos.
O procedimento, chamado transplante heterotópico, foi indicado porque o homem sofria há nove anos de insuficiência cardíaca e a doença havia evoluído a ponto de causar hipertensão pulmonar. O novo órgão se comunica com o coração doente pela veia cava e as artérias aorta e pulmonar. Dessa forma, funciona como uma bomba hemodinâmica auxiliar do processo de circulação. "Se apenas substituíssemos o órgão, o coração novo não aguentaria a pressão sanguínea dos pulmões", explica o cirurgião cardíaco Ronaldo Honorato, um dos médicos responsáveis pelo transplante.
Honorato - que participou de quatro dos seis transplantes cardíacos heterotópicos realizados no Incor - afirma que o paciente deve passar o resto da vida com os dois corações. "Existem casos em que o coração velho melhora e em raras vezes chega a ficar bom, mas, como é um homem de 53 anos, o mais provável é que fique com os dois corações", afirma.
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