Maringá - Uma menina de 13 anos está grávida de quatro meses, provavelmente do padrasto, em Goioerê, Noroeste do estado. A mãe descobriu a gravidez da filha e denunciou, no último sábado, o companheiro, que abusaria da criança. Ele está foragido. A jovem vinha sofrendo com as investidas do padrasto havia um ano. A família deve pedir o aborto.
Segundo a Polícia Civil de Goioerê, a mãe desconfiou dos sintomas de gravidez da menina e após muita conversa, a adolescente teria confirmado os abusos. "Segundo a criança, os estupros aconteciam há cerca de um ano, sempre sob ameaças e em horários que a mãe, empregada doméstica, não estava em casa", contou o escrivão Anderson Ferreira. Exames comprovaram os abusos e a gravidez.
Desconfiado de que a mulher teria descoberto a gravidez da filha e faria a denúncia, o padrasto fugiu no fim de semana. A Justiça expediu mandado de prisão preventiva. "Sabemos que ele fugiu de Goioerê. Vamos pedir ajuda dos policiais da região para continuar as investigações", afirma o escrivão.
A menina está na casa da mãe, sob acompanhamento do Conselho Tutelar e de assistentes sociais. Não há necessidade de a família recorrer à Justiça para solicitar o aborto porque em casos de violência sexual, a lei brasileira permite a intervenção. "Se os familiares e a adolescente concordarem com o aborto, eles podem recorrer ao SUS (Sistema Único de Saúde) para realizar a intervenção médica", explica o promotor Ricardo Casseb Lois.
Para a doutora em Psicologia Miriam Majer, do Programa Multidisciplinar de Estudo, Pesquisa e Defesa da Criança e do Adolescente (PCA), da Universidade Estadual de Maringá (UEM), o aborto é a melhor saída. "A adolescente não tem maturidade física nem psicológica para suportar a gravidez. Como ela vai lidar com a pergunta feita pelos amigos sobre quem é o pai? Sempre vai ter de relembrar a violência sexual. Isso é muito constrangedor", explica.
De acordo com o médico obstetra e diretor do setor de ginecologia da Santa Casa de Maringá, Maurício Chaves Júnior, é necessário que a jovem faça uma série de exames complexos para verificar a possibilidade de abortar o feto sem colocar em risco sua vida. "Mesmo com quatro meses de gravidez há possibilidade de fazer o aborto. Mas é necessário avaliar se o procedimento médico é viável", afirma.
A reportagem tentou entrar em contato com a Diocese de Campo Mourão, da qual faz parte a paróquia de Goioêre, mas não obteve retorno. Já a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) não quis se pronunciar. "O mais importante, agora, é saber se a menina está sendo bem cuidada", disse o padre Geraldo Martins Dias, relações públicas da CNBB.
Pernambuco
No início do mês de março, uma menina de 9 anos, de Alagoinha (a 230 km do Recife), estava grávida de gêmeos e teve os fetos abortados. O padrasto teria engravidado a garota. O arcebispo de Olinda e Recife, dom José Cardoso Sobrinho excomungou a família da criança e os médicos que realizaram o aborto.



