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Advogado Elias Mattar Assad falou sobre o caso na tarde desta segunda-feira. Para ele houve precipitação e erro com a prisão de Paulo Unfried | Jonathan Campos/Gazeta do Povo
Advogado Elias Mattar Assad falou sobre o caso na tarde desta segunda-feira. Para ele houve precipitação e erro com a prisão de Paulo Unfried| Foto: Jonathan Campos/Gazeta do Povo

Relembre o caso do Morro do Boi

O crime

- Os estudantes Monik Pegorari, de 23 anos, e Osíris Del Corso, 22, foram baleados no dia 31 de janeiro no Morro do Boi, na praia de Caiobá, em Matinhos. Monik ficou 18 horas no local do crime até ser resgatada pela polícia. Ela teria sido vítima de estupro. Osíris morreu na hora.

A primeira prisão

- No dia 17 de fevereiro, Juarez Ferreira Pinto, de 42 anos, foi detido pela polícia no balneário de Santa Terezinha, em Pontal do Paraná, com base em retrato falado feito com informações da vítima. Juarez alegou inocência desde o princípio.

Mudança de versão

- Quatro dias depois da prisão, a polícia mudou a versão. Em vez de homicídio, Juarez teria praticado um latrocínio (roubo seguido de morte). A afirmação da polícia se baseou em supostos R$ 90 que teriam desaparecido da roupa de Monik. O próprio delegado Luiz Alberto Cartaxo havia dito dias antes que nada havia sido roubado. Também houve um recuo na questão do suposto estupro que a jovem teria sido vítima. Na segunda versão, houve apenas atentado violento ao pudor, quando não há conjunção carnal.

Caso encerrado

- No dia 26 de fevereiro, a polícia anunciou o encerramento do caso e o indiciamento de Juarez. E revelou que duas provas apresentadas pela defesa haviam sido adulteradas: um caderno com anotações sobre a movimentação do caixa da empresa onde Juarez trabalhava e uma folha solta de papel, onde era controlada a quantidade de carrinhos de chope que saíam para a praia – Juarez trabalhava limpando os carrinhos. As datas dos dois documentos estavam rasuradas.

Nova prisão

- No dia 25 de junho, Paulo Delci Unfried foi preso por invadir uma casa e violentar uma mulher, em Matinhos. Ele confessou ter matado Osíris e baleado Monik. Com ele havia duas armas e o exame de balística confirmou que o tiro que matou o estudante partiu de uma delas.

Desmentido

- Em acareação com Monik e Juarez, Paulo Unfried voltou atrás e disse que foi forçado a confessar.

Soltura

– Na noite de 31 de julho, por falta de provas, a Justiça mandou soltar Paulo Unfried.

Os pais de Osíris Del Corso, o jovem assassinado no crime do Morro do Boi, no início do ano no litoral paranaense, afirmaram que vão processar tevês e rádios de Curitiba que estariam difamando a imagem de Osíris e de Monik Pegorari, que era namorada de Osíris e foi baleada durante o crime. A jovem perdeu o movimento das pernas. Não foram citados os nomes dos veículos de comunicação que podem ser processados.

Sérgio Del Corso e Maria Zélia concederam uma entrevista coletiva na tarde desta segunda-feira (3) em Curitiba. Os pais de Osíris falaram no escritório de advocacia de Elias Mattar Assad, que foi contratado para atuar como assistente do Ministério Público no processo criminal que tramita na comarca de Matinhos. Sérgio e Maria afirmam que a honra de Osíris e Monik foi colocada em dúvida por alguns meios de comunicação, após a prisão do vigia Paulo Delci Unfried.

Os pais de Osíris afirmaram que confiam no depoimento de Monik e dizem que foi criada uma reviravolta no caso, com a prisão de Paulo Unfried, para tentar confundir a opinião pública sobre Juarez Ferreira Pinto, que segue preso acusado de ser o autor do crime. Quando foi preso, a polícia encontrou com Paulo Unfried a arma utilizada para matar Osíris. Um exame de balística confirmou que o tiro que matou o estudante saiu da arma apreendida. Em depoimento, Unfried reconheceu que o revólver era seu, mas que havia emprestado para um amigo na semana em que aconteceu o crime.

Na noite de sexta-feira (31), por falta de provas, a Justiça determinou a soltura de Unfried. No fim do mês de junho Unfried confessou ser o autor do crime do Morro do Boi e depois, em acareação com o acusado apontado pelo Ministério Público (MP), Juarez Ferreira Pinto, e com a vítima, Monik Pegorari de Lima, desmentiu a versão.

Maria Zélia, mãe de Osíris Del Corso, não tem dúvidas sobre o que aconteceu no Morro do Boi. "Acreditamos que um dos motivos por que Monik sobreviveu foi para reconhecer o assassino. Não duvidamos de Monik", afirmou Maria Zélia, em entrevista à Rádio CBN. "A nossa dor aumenta, porque além do assassinato tem essa tentativa de denegrir a honra de Osíris e Monik". Monik e os familiares dela não participaram da coletiva desta segunda-feira.

O advogado Elias Mattar Assad é o mesmo que defende a família Yared, um dos jovens mortos no acidente que envolveu o ex-deputado estadual Fernando Ribas Carli Filho. Para Assad, houve erro em como foi tratada a prisão de Paulo Unfried. "Houve uma precipitação em colocar uma nova hipótese como verdadeira. Acho que poderia esgotar todas as possibilidades. Se outro confessou o crime ele tinha que ser levado ao Morro do Boi e mostrado como fez. Essa história foi mal contada, o que determinou a soltura de Paulo e a manutenção da prisão de Juarez", disse Assad à CBN.

Habeas-corpus

Nilton Ribeiro, advogado de Juarez Ferreira Pinto, tenta obter um habeas-corpus no Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR) para relaxar a prisão do cliente. "Estamos com dois pedidos no TJ. Na quinta-feira (6) deve ser julgado o pedido referente à soltura de Juarez. O outro pedido é a nulidade da última audiência de acareação em Matinhos, por cerceamento da defesa", explicou Ribeiro.

Os pedidos foram feitos na 3.ª Câmara Criminal do TJ. O advogado disse que, caso seja negado pela Justiça do Paraná, o pedido de habeas-corpus já está pronto para ser enviado ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) e ao Supremo Tribunal Federal (STF), ambos em Brasília.

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