Curitiba O cientista político Bolívar Lamounier tem uma visão particular do processo político brasileiro. Para ele, o Brasil precisa de uma reforma no sistema eleitoral, do fortalecimento dos partidos e de uma reabordagem da carreira de político. "Quem hoje se interessa em ser político? Nossos melhores quadros só atiram pedras na política brasileira. Estão todos indo para a iniciativa privada. Um exemplo disso é nosso Congresso Nacional, onde não se tira uma grande figura ou liderança," diz Lamounier, que esteve ontem em Curitiba, a convite da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep).
O cientista político, que é diretor do Augurium Consultoria e Editora e assessor acadêmico do Clube de Madri, deu uma palestra para líderes empresariais com o tema "O Brasil Político: quem herda não furta".
Para Lamounier, um primeiro passo é a cláusula de desempenho, que exigiria dos partidos um mínimo de representatividade para continuarem atuando.
"Dificultaria as coisas para os partidos de aluguel e exigiria dos grandes partidos uma posição ideológica mais clara", diz o cientista que, em um segundo momento, defende a fidelidade partidária.
"Os partidos precisam se tornar menos porosos. Isso diminui o personalismo e cria condições mais fáceis de se identificar um programa partidário.
A participação mais efetiva do empresariado na vida política brasileira também foi defendida por Lamounier.
Segundo ele, é o setor produtivo que sente as grandes barreiras impostas pelo estado ao desenvolvimento: alta carga tributária, leis trabalhistas defasadas e um sistema de previdência gerador de déficit.
"Nos últimos 15 anos, o setor produtivo levantou diversas bandeiras importantes como a dos impostos, reforma no mercado de trabalho e a necessidade de um novo modelo político para o país. Esse é um ano eleitoral e portanto propício para esse tipo de mobilização."
