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Papel das abelhas vai além da produção do mel

Levantamento descobriu nove espécies desconhecidas no país e mostrou que a presença desse inseto aumenta a produção agrícola

Além de produzir mel, as abelhas são responsáveis por polinizar 73% das culturas agrícolas do mundo. | Instituto Biológico/Divulgação
Além de produzir mel, as abelhas são responsáveis por polinizar 73% das culturas agrícolas do mundo. (Foto: Instituto Biológico/Divulgação)

No maior levantamento da diversidade de abelhas feito no Brasil, cientistas coletaram 16 mil exemplares de 214 espécies diferentes, a fim de mapear o papel desses insetos na polinização da vegetação natural e das plantações. Foram descobertas nove espécies até agora desconhecidas no país e os estudos comprovaram que a presença das abelhas aumenta consideravelmente a produtividade das culturas agrícolas Eles constataram também que, para a polinização, a diversidade de espécies é mais importante que a quantidade de abelhas.

O projeto Polinizadores do Brasil faz parte de um programa de pesquisas global, por iniciativa da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) e do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambient (Pnuma), coordenado no Brasil pelo Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio) e pelo Ministério do Meio Ambiente, com participação de pesquisadores de 18 instituições.

“Muita gente pensa que a abelha só produz mel. Uma pesquisa de opinião mostrou que 75% dos brasileiros desconhecem o papel delas na polinização. No entanto, as abelhas são responsáveis por polinizar mais de 50% das plantas das florestas tropicais, 80% das plantas do cerrado e 73% de todas as culturas agrícolas do mundo”, disse a coordenadora do projeto, Vanina Mattos, da Funbio.

Segundo Vanina, a abelha mais abundante no Brasil, a Apis mellifera, é a única das 214 espécies que não tem origem no país. Essa espécie, híbrida de abelhas da Europa e da África, tornou-se tão comum que quase ninguém se dá conta da diversidade de abelhas nativas no Brasil.

“O projeto mostra que, embora a Apis mellifera tenha um importante papel na polinização, há muitas outras abelhas fazendo esse serviço essencial. Mais que isso: é justamente essa diversidade de espécies que garante culturas produtivas”, explicou.

Diversos experimentos realizados ao longo dos cinco anos do projeto mostraram que as abelhas de fato aumentam bastante a produtividade de culturas como algodão, tomate, melão, castanha, canola, maçã e caju. “Algumas plantas podem ser polinizadas pelo vento e por outros animais, mas são muito mais produtivas quando há abelhas. Certas culturas, como o maracujá, a maçã e o melão, simplesmente não existiriam sem abelhas”, disse.

O impacto da polinização na qualidade dos alimentos também é claro, mesmo em plantas como o tomateiro, capazes de autopolinização. “Se houver abelhas na área, o tomate fica bem maior e mais bonito, com um impacto direto na economia”, disse.

A bióloga Carmen Pires, da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, liderou os experimentos do projeto sobre a polinização do algodoeiro na Paraíba, Mato Grosso e Goiás. Os resultados mostram que as flores de algodão, quando são polinizadas por abelhas, apresentam um aumento de 12% a 16% no peso da fibra e um incremento de 17% de sementes por fruto. “O algodão pode se autopolinizar. Mas com as abelhas levando pólen de uma flor para outra, a eficiência é muito maior”, explicou a pesquisadora.

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