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balada protegida

Para Abrabar, prefeitura cobra, mas não dá exemplo na regularização de alvarás

Entidade enviou documento ao Ministério Público afirmando que bares são reféns da ineficiência municipal, que não consegue emitir documentos na mesma velocidade que exige

Largo da Ordem, um dos nichos da vida noturna de Curitiba | Daniel Castellano/Gazeta do Povo
Largo da Ordem, um dos nichos da vida noturna de Curitiba (Foto: Daniel Castellano/Gazeta do Povo)

A novela envolvendo a fiscalização de bares em Curitiba tem um novo capítulo. A Associação Brasileira de Bares e Casas Noturnas (Abrabar) enviou ao Ministério Público do Paraná (MP-PR), à Procuradoria Geral da Justiça, ao Tribunal de Contas, à Ouvidoria Municipal e à Câmara de Curitiba pedido para que o atendimento na obtenção de alvarás na prefeitura seja tão eficiente quanto o que exige a gestão do prefeito Rafael Greca (PMN), principalmente a partir da Operação Balada Segura.

O documento descreve ações de fiscalização como um “espetáculo de pirotecnia” para autopromoção de Greca, sobretudo ao exigir alvarás que “demoram um tempo exagerado para serem renovados ou concedidos”. O texto diz que “o Corpo de Bombeiros, a Vigilância Sanitária e a Secretaria de Meio Ambiente não agem com o mesmo vigor” com que a prefeitura vem cobrando os bares e que os empresários não podem ficar “reféns dessa ineficiência do Município e Estado”.

A Abrabar pede também que escolas e outros estabelecimento com alto tráfego de usuários sejam obrigadas a apresentar os mesmos alvarás que os bares e casas noturnas, passando pelas mesmas fiscalizações.

De acordo com o presidente da Abrabar, Eduardo Aguayo, o pedido não é uma retaliação à Operação Balada Protegida, mas uma forma de garantir que o serviço público seja cobrado com qualidade. “Se eles querem cobrar, nós vamos cobrar também”, diz. “O poder público quer dar o exemplo, então que comece arrumando a própria casa”. A prefeitura afirmou, por meio de nota, que vai esperar a notificação do MP-PR para comentar o assunto.

Aguayo afirma que ao mesmo tempo em que a prefeitura exige toda a documentação em dia dos estabelecimentos, por outro, não atende os pedidos de vistoria solicitados pelos comerciantes. Segundo o órgão, a demora no atendimento faz com que vários estabelecimentos fiquem em situação irregular e passíveis de punição.

Para o presidente da Abrabar, o principal problema está na falta de pessoal na prefeitura para atender todos os estabelecimentos. A alta demanda faz, segundo ele, com que muitos locais tenham de esperar meses pela visita dos fiscais do Meio Ambiente, Vigilância Sanitária e do Corpo de Bombeiros.

É o caso do Bar do Alemão, no Largo da Ordem, que há mais de um ano aguarda vistoria da Vigilância Sanitária. De acordo com o gerente, Jorge Tonatto, foram feitos vários pedidos, mas nenhum atendido. “A gente paga as taxas, mas eles não aparecem. Tudo está devidamente protocolado, mas esse é um problema que nos deixa apreensivos”, explica. Para evitar transtorno em caso de fiscalização, Tonatto mantém todos os protocolos de solicitação junto com a documentação para provar que está refém da burocracia.

Fila de espera

De acordo com a Secretaria Municipal de Urbanismo e Assuntos Metropolitanos, desde o início de janeiro, o prazo médio para a liberação de alvarás caiu de 35 para 28 dias. Por meio da assessoria de comunicação, ela afirmou que são recebidos mais de 300 pedidos de consulta todos os dias, o que justifica a demora na liberação.

A pasta afirma que existe uma demanda de mais de 3 mil estabelecimentos à espera de alvarás em toda a cidade — número que contempla todos os tipos de comércio e não apenas bares e restaurantes. Para tentar acelerar o processo, a prefeitura anunciou que já está dando início à implantação da Rede Nacional para a Simplificação do Registro e da Legalização de Empresas e Negócios (Redesim), sistema ligado à Junta Comercial do Paraná que integra informações e ajuda na abertura e regularização de diferentes negócios.

Já em relação aos estabelecimentos que ainda aguardam atendimento, como é o caso do Bar do Alemão, a fiscalização vai levar em conta a data do pedido de vistoria. Assim, serão punidos somente os comércios que tiverem feito a solicitação após o vencimento de sua licença, ou seja, depois de passar um tempo não legalizado.

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