
As baixas temperaturas podem ser um problema extra para quem já passou dos 60 anos. Os idosos sentem mais frio do que os jovens, pois o sistema que regula a temperatura do corpo torna-se deficiente com a idade. "Como o corpo não tem a mesma velocidade de adaptação térmica que antes, a tendência é que ele esfrie mais", diz o geriatra do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná, Paulo Luiz Honaiser.
Com o sistema desregulado, também pode acontecer que o idoso "fique um tanto insensível ao frio e não se agasalhe direito", afirma a geriatra da Secretaria de Saúde de Curitiba, Ivete Berkenbrock.
Nos dois extremos, o idoso desprotegido, principalmente morador de rua, corre o risco de ter hipotermia (quando a temperatura do corpo cai a menos de 35°C), alerta o geriatra Rubens de Fraga Jr., do Hospital Evangélico. "Nesse estado, a pele fica arroxeada e a pessoa tem a capacidade motora comprometida. Se não for reaquecida, ela pode perder a consciência e até morrer."
A pele do idoso também sofre bastante. A ação do vento e do frio resseca a epiderme e pode provocar queimaduras em extremidades, como pés, mãos e orelhas. Acessórios como gorros e luvas, e o uso de cremes hidratantes ajudam a evitar esses problemas. O protetor solar tampouco deve ser esquecido, afinal, mesmo no inverno, os raios nocivos do sol continuam a agir, lembram os médicos.
Algumas estratégias minimizam os efeitos do frio. A administradora Paula Gomes, pós-graduada em Gestão de Centros Geriátricos, ensina que aquecer quartos e banheiros, antes de os idosos trocarem de roupa ou tomarem banho, ajuda a prevenir resfriados.
No lar "Nossa Casa", em que trabalha, Paula conta que, em dias muito frios, os idosos mais debilitados só fazem a higiene básica. "Se for para dar o banho, não lavamos a cabeça."
Bolsas de água quente são indicadas para esquentar os pés na hora de dormir e ainda auxiliam no tratamento de resfriados, indica o geriatra Paulo Honaiser. "Uma bolsa ou pano quente colocado sobre o peito ajuda na expectoração. E, por aumentar a circulação do sangue, o calor ativa as defesas do corpo na região do aparelho respiratório."
Outra preocupação é fechar janelas e portas que tragam vento encanado. "Uma corrente de ar gelado pode provocar um choque térmico que reduz a defesa do corpo, deixando o idoso vulnerável a doenças", diz. O médico Fraga Jr., porém, lembra que é preciso que o idoso se mantenha em um ambiente arejado, para que o ar não fique impregnado com vírus como o da gripe.
A alimentação no inverno também deve ser reforçada. Para manter a temperatura ideal, o corpo gasta mais energia, o que exige refeições mais calóricas. E para se esquentar e ativar as defesas do corpo através do calor, nada como uma boa sopa.
Doenças da estação
Por ter uma resistência imunológica debilitada com o envelhecimento dos linfócitos T, que agem sobre os germes, o idoso se torna mais suscetível a doenças respiratórias invernais. As mais comuns, segundo o geriatra Paulo Luiz Honaiser, são o resfriado e a gripe sazonal. Em seguida vêm a sinusite, a bronquite e a pneumonia.
Com relação ao perigo da gripe A (H1N1), o pneumologista do Hospital Evangélico Odair Martins faz uma observação. "Curiosamente, quem mais se contamina com essa gripe não são os idosos. Você não ouve falar de asilos interditados, por exemplo."
Para o geriatra Paulo Luiz Honaiser, a pneumonia é mais preocupante do que a gripe suína e a sazonal. "Às vezes, o idoso está com uma pneumonia e não sabe. Isso acontece muito porque os sintomas não seguem os padrões das pessoas mais novas." De acordo com o médico, de um simples resfriado ou dor de garganta, uma bactéria pode se instalar nos brônquios e causar uma infecção pulmonar, que muitas vezes não altera a temperatura do corpo, ou então, provoca febres não muito altas. Em alguns casos, a demora para diagnosticar a doença pode custar a vida. Daí a importância de se fazer exames periódicos, mesmo que o idoso aparente estar saudável.




