Para presidente do TSE, houve caixa 2 em 2002

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Brasília – O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Marco Aurélio de Mello, confessou-se "perplexo" com o valor final dos gastos da campanha para a Presidência da República deste ano – R$ 210 milhões, sendo R$ 115 milhões de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e R$ 95 milhões de Geraldo Alckmin (PSDB). Para ele, só há uma explicação para esse estouro das contas, o fim do caixa 2.

Em 2002, o petista declarou ao TSE ter gasto R$ 33,7 milhões e seu então adversário, José Serra, R$ 34,4 milhões.

"Realmente, o descompasso causa certa perplexidade. A premissa básica é única, com a Lei 11.300 (minirreforma política, que entre outras providências, proibiu a realização de showmícios), tivemos o barateamento das campanhas. Mesmo assim, tivemos valores mais elevados do que os praticados em 2002. O que podemos concluir? Que a campanha de 2002 foi menos custosa? Não podemos ser ingênuos. Em 2002, houve recursos não contabilizados", afirmou ele. Ele disse que não acredita em caixa 2 nas campanhas deste ano.

"Espertos"

Na avaliação de Marco Aurélio, os que doavam "por debaixo do pano" ficaram mais "espertos". "O que concluímos e não podemos ser ingênuos é que em 2002 houve recursos não contabilizados. Já agora, em 2006, não, tendo em conta a quadra vivida no Brasil, em que mazelas não são mais escamoteadas", disse.

"Até mesmo os doadores que doavam por debaixo do pano, e aí estou me referindo especificamente ao caixa 2, estiveram em 2006 mais espertos. O que é muito bom em termos de avanço cultural", afirmou Marco Aurélio.

O ministro afirmou ainda que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva será punido se tiver culpa no episódio do dossiê contra tucanos. "Como dito até por Sua Excelência, o presidente da República, todos estão submetidos à ordem jurídica brasileira. E se houver culpa, aí se terá conseqüências", disse o ministro durante entrevista coletiva concedida ontem à tarde na sede do TSE, em Brasília.

Atualmente, tramita no TSE uma investigação para apurar as responsabilidades em relação ao dossiê. Um dos investigados é Lula.