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Conflito agrário

Pará tem mais uma morte de agricultor

Em um mês, cinco pessoas foram assassinadas no estado. Obede Souza foi executado após discutir com representantes de madeireiros

A Comissão Pastoral da Terra (CPT) informou ontem que mais um agricultor foi morto no Pará, a quinta vítima em menos de 30 dias em áreas de assentamento no estado. Obede Loyola Souza, 31 anos, foi morto na quinta-feira da semana passada no acampamento Esperança, no município de Pacajá. Ele era casado e tinha três filhos pequenos. Segundo a CPT, quatro homens que estariam a serviço de madeireiros de Pacajá teriam sido vistos em uma picape na região dias antes do crime. A vítima teria discutido com um dos homens, condenando a extração de madeira.

A CPT informou que a vítima não fazia parte de nenhum movimento social nem tinha apoio da entidade. Segundo a comissão, Souza queria que os madeireiros parassem de extrair castanheiras de forma ilegal. Ele dizia para os representantes dos madeireiros que o tráfego de caminhões deixava intrafegáveis as estradas de acesso ao assentamento. O lavrador foi abordado em casa pelos homens e executado a 500 metros de sua residência. Ele teria sido obrigado a se deitar no chão, de lado, e atingido no ouvido com um tiro de espingarda. Seu corpo só foi encontrado dois dias depois.

A polícia do Pará ainda não sabe se Souza é mais uma vítima da luta pela posse de terra na região ou se foi morto por causa de alguma rixa. O corpo do lavrador estava pronto para ser sepultado em um cemitério em Pacajá, na sexta-feira, quando homens da Força Nacional de Segurança o levaram para necropsia no Instituto Médico Legal (IML) de Belém.

A cidade de Pacajá, no Sudoeste do estado, fica entre Marabá e Altamira, que na semana passada receberam uma força-tarefa federal para investigar e evitar crimes no campo. Desde maio foram mortos no Pará os extrativistas José Claudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo, em Nova Ipixuna, no Sudeste do estado, e outras duas pessoas que, segundo a polícia, não tinham ligações com conflitos pela terra. De acordo com a CPT, outros dois trabalhadores rurais da região, que também discutiram com os mesmos representantes de madeireiras, correm risco de morrer.

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