
Morreu, no início da manhã de ontem, o jornalista e empresário Abdo Aref Kudri, fundador do jornal Diário do Paraná e presidente da Associação das Empresas Proprietárias de Jornais e Revistas do Paraná. Kudri, que estava internado no Hospital Santa Cruz, morreu aos 80 anos de uma parada cardíaca. O corpo está sendo velado na Assembleia Legislativa do Paraná e será enterrado hoje, às 10 horas, no Cemitério Municipal de Curitiba. Em razão da morte do empresário, o governador do Paraná, Roberto Requião, decretou luto oficial de três dias no estado.
Nascido em 5 de novembro de 1928, Kudri passou a infância em Paranaguá, onde, aos 10 anos de idade, trabalhava como engraxate e entregador de jornais para ajudar os pais. Segundo o livro Abdo Aref Kudri 50 Anos de Jornalismo, escrito por Gilberto Namur, Kudri teve seu primeiro texto publicado quando ainda era adolescente, no Jornal do Comércio, de Paranaguá. Na época, já sonhava em ter o seu próprio jornal.
Depois de viver por um curto período de tempo em Sorocaba, interior de São Paulo, Abdo Kudri se mudou com a família para Curitiba, onde trabalhou como escrevente de cartório e ingressou nos cursos de Direito, da Universidade Federal do Paraná, e de Economia, da Faculdade do Paraná.
Mas o objetivo de Kudri era se tornar um jornalista profissional. Em 1949, teve a sua primeira chance na grande imprensa. Foi convidado pela jornalista Juril Carnasciali a integrar a equipe da Gazeta do Povo. "Ele foi um moço de garra e se destacou principalmente pela inteligência", conta Juril.
Dois anos depois, foi contratado pelo Diário da Tarde e se tornou editor-chefe do mesmo jornal que vendia na plataforma da estação de trem de Paranaguá.
Empreendedor
A trajetória de Kudri como empresário começou ainda na década de 50 com a publicação de jornais quinzenais voltados para a população de cidades pequenas como São José dos Pinhais, Lapa e Guaratuba. "Ele se dizia presidente da Rede Paranaense de Jornais e foi responsável por um jornalismo atuante e de qualidade", lembra o jornalista Luiz Geraldo Mazza. Em 1958, fundou o Correio do Paraná, voltado para os leitores da capital do estado.
Em 1959, depois de ser diagnosticado com câncer, Abdo Kudri decidiu vender o Correio por ouvir dos médicos que teria apenas mais um ano de vida. Mas, ao contrário das previsões, se recuperou completamente da doença. Na obra de Gilberto Namur, revela: "Das duas uma: ou o diagnóstico de câncer foi um erro primário, ou Deus me deixou ficar mais um pouquinho".
Em 1963, voltou à ativa como empresário e lançou o Diário Popular, que permanece com circulação ininterrupta em Curitiba. Foi responsável pela criação do prêmio Melhores do Ano, que homenageava as grandes personalidades do estado, e pela Chuteira de Ouro, que anualmente contempla os melhores atletas do futebol paranaense.
Líder
A Associação dos Jornais Diários e Revistas do Estado do Paraná foi criada em 1979, ao lado dos colegas empresários, entre eles Francisco Cunha Pereira Filho, diretor-presidente da Rede Paranaense de Comunicação (RPC), e Paulo Pimentel, diretor-presidente do Grupo Paulo Pimentel, com o objetivo de unir e fortalecer o setor. Desde 1994, também ocupava a presidência do Sindicato das Empresas Proprietárias de Jornais e Revistas do Estado do Paraná (Sindejor), criado posteriormente. "Ele foi um dos pioneiros, previu a evolução dos sindicatos em substituição às associações. Liderava a classe porque tinha um temperamento pacificador", conta o empresário Paulo Pimentel, vice-presidente do Sindejor.
A diretora da Unidade de Jornais da RPC, Ana Amélia Cunha Pereira Filizola, lembra que Abdo Kudri foi um batalhador pela imprensa paranaense por mais de 50 anos, e enaltece a forte amizade de Abdo com o seu pai, o jornalista Francisco Cunha Pereira Filho. "Os dois amigos estavam em permanente contato e lideraram juntos a fundação do Sindicato das Empresas Proprietárias de Jornais e Revistas do Paraná", destaca.
Família
Abdo Aref Kudri era viúvo e deixou duas filhas e três netos. Para a filha Soraya Rosana Torres Kudri, o jornalista e empresário era um pai "maravilhoso". "Ele tentava fazer tudo o que a gente queria, mesmo sem a gente pedir", conta. "Ensinava o caminho correto e sempre ficava orgulhoso do que a gente fazia."
A outra filha, Cristina Kudri Sobania, destaca a importância de Abdo Kudri para o jornalismo e para o Paraná. "Foi uma vida dedicada à imprensa", resume. "Ele faz parte da história, sempre lutou pelo estado."
O enterro do corpo de Abdo Aref Kudri será hoje, às 10 horas, no Cemitério Municipal de Curitiba.





