Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
Perda

Paraná em luto por Abdo Kudri

Jornalista e empresário, que foi vítima de parada cardíaca, realizou o sonho de adolescência de ser proprietário de jornal

Abdo Kudri: de entregador a criador e proprietário de jornais, como o Diário Popular | Jonathan Campos/ Gazeta do Povo
Abdo Kudri: de entregador a criador e proprietário de jornais, como o Diário Popular (Foto: Jonathan Campos/ Gazeta do Povo)
Velório contou com a presença de colegas da imprensa, como Paulo Pimentel... |

1 de 2

Velório contou com a presença de colegas da imprensa, como Paulo Pimentel...

..., familiares, amigos e políticos, como o vereador Mario Celso Cunha |

2 de 2

..., familiares, amigos e políticos, como o vereador Mario Celso Cunha

Morreu, no início da manhã de ontem, o jornalista e empresário Abdo Aref Kudri, fundador do jornal Diário do Paraná e presidente da Associação das Empresas Proprietárias de Jornais e Revistas do Paraná. Kudri, que estava internado no Hospital Santa Cruz, morreu aos 80 anos de uma parada cardíaca. O corpo está sendo velado na Assembleia Legislativa do Paraná e será enterrado hoje, às 10 horas, no Cemitério Municipal de Curitiba. Em razão da morte do empresário, o governador do Paraná, Roberto Requião, decretou luto oficial de três dias no estado.

Nascido em 5 de novembro de 1928, Kudri passou a infância em Paranaguá, onde, aos 10 anos de idade, trabalhava como engraxate e entregador de jornais para ajudar os pais. Segundo o livro Abdo Aref Ku­­dri – 50 Anos de Jornalismo, escrito por Gilberto Namur, Kudri teve seu primeiro texto publicado quando ainda era adolescente, no Jornal do Co­­mércio, de Paranaguá. Na época, já sonhava em ter o seu próprio jornal.

Depois de viver por um curto período de tempo em Sorocaba, interior de São Paulo, Abdo Kudri se mudou com a família para Curitiba, onde trabalhou como escrevente de cartório e ingressou nos cursos de Direito, da Universidade Federal do Paraná, e de Economia, da Faculdade do Paraná.

Mas o objetivo de Kudri era se tornar um jornalista profissional. Em 1949, teve a sua primeira chance na grande imprensa. Foi convidado pela jornalista Juril Carnasciali a integrar a equipe da Gazeta do Povo. "Ele foi um moço de garra e se destacou principalmente pela inteligência", conta Juril.

Dois anos depois, foi contratado pelo Diário da Tarde e se tornou editor-chefe do mesmo jornal que vendia na plataforma da estação de trem de Paranaguá.

Empreendedor

A trajetória de Kudri como empresário começou ainda na década de 50 com a publicação de jornais quinzenais voltados para a população de cidades pequenas como São José dos Pinhais, Lapa e Guaratuba. "Ele se dizia presidente da Rede Paranaense de Jornais e foi responsável por um jornalismo atuante e de qualidade", lembra o jornalista Luiz Geraldo Mazza. Em 1958, fundou o Correio do Paraná, voltado para os leitores da capital do estado.

Em 1959, depois de ser diagnosticado com câncer, Abdo Kudri decidiu vender o Correio por ouvir dos médicos que teria apenas mais um ano de vida. Mas, ao contrário das previsões, se recuperou completamente da doença. Na obra de Gilberto Namur, revela: "Das duas uma: ou o diagnóstico de câncer foi um erro primário, ou Deus me deixou ficar mais um pouquinho".

Em 1963, voltou à ativa como empresário e lançou o Diário Popular, que permanece com circulação ininterrupta em Curitiba. Foi responsável pela criação do prêmio Melhores do Ano, que homenageava as grandes personalidades do estado, e pela Chuteira de Ouro, que anualmente contempla os melhores atletas do futebol paranaense.

Líder

A Associação dos Jornais Diários e Revistas do Estado do Paraná foi criada em 1979, ao lado dos colegas empresários, entre eles Francisco Cunha Pereira Filho, diretor-presidente da Rede Paranaense de Comunicação (RPC), e Paulo Pimentel, diretor-presidente do Grupo Paulo Pimentel, com o objetivo de unir e fortalecer o setor. Desde 1994, também ocupava a presidência do Sindicato das Empresas Pro­prietárias de Jornais e Revistas do Estado do Paraná (Sindejor), criado posteriormente. "Ele foi um dos pioneiros, previu a evolução dos sindicatos em substituição às associações. Liderava a classe porque tinha um temperamento pacificador", conta o empresário Paulo Pimentel, vice-presidente do Sindejor.

A diretora da Unidade de Jornais da RPC, Ana Amélia Cunha Pereira Filizola, lembra que Abdo Kudri foi um batalhador pela imprensa paranaense por mais de 50 anos, e enaltece a forte amizade de Abdo com o seu pai, o jornalista Francisco Cunha Pereira Filho. "Os dois amigos estavam em permanente contato e lideraram juntos a fundação do Sindicato das Empresas Proprietárias de Jornais e Revistas do Paraná", destaca.

Família

Abdo Aref Kudri era viúvo e deixou duas filhas e três netos. Para a filha Soraya Rosana Torres Kudri, o jornalista e empresário era um pai "maravilhoso". "Ele tentava fazer tudo o que a gente queria, mesmo sem a gente pedir", conta. "Ensinava o caminho correto e sempre ficava orgulhoso do que a gente fazia."

A outra filha, Cristina Kudri Sobania, destaca a importância de Abdo Kudri para o jornalismo e para o Paraná. "Foi uma vida dedicada à imprensa", resume. "Ele faz parte da história, sempre lutou pelo estado."

O enterro do corpo de Abdo Aref Kudri será hoje, às 10 horas, no Cemitério Municipal de Curitiba.

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.