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Tecnologia

Paraná perde terreno em inovação

Entre 2007 e 2010, estado conquistou menos recursos federais para pesquisas. Falta de bons projetos é uma das explicações

Laboratório de células-tronco da PUCPR, em Curitiba, viabilizado com recursos da Finep: financia­mento garantido apenas para projetos encorpados e com perfil inovador | Antônio Costa / Gazeta do Povo
Laboratório de células-tronco da PUCPR, em Curitiba, viabilizado com recursos da Finep: financia­mento garantido apenas para projetos encorpados e com perfil inovador (Foto: Antônio Costa / Gazeta do Povo)

O Paraná foi ultrapassado por outros estados nos investimentos em inovação nos últimos anos. Estudo elaborado pelo Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes), em parceria com a Secretaria da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti), revela que o estado obteve, em 2007, R$ 187 milhões via Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), atrás apenas de São Paulo e Rio Grande do Sul em volume de recursos. Mas esse quadro mudou.

Em 2007, o Paraná recebia mais de 10% das verbas repassadas pelo órgão. Apenas três anos depois, em 2010, o valor caiu para R$ 179 milhões e o estado foi ultrapassado por Santa Catarina, Rio de Janeiro e Pernambuco – passando a receber 5% do total investido pela Finep. Foi o único estado a apresentar variação negativa, no caso 4%.

Em número de projetos, o Paraná também registrou um índice negativo de 13% no período – oscilando de 48 para 42. Em 2011, foram somente 33 projetos financiados no estado. A Finep, vinculada ao Ministério da Ciência e Tecnologia, é a principal fonte de recursos para bancar pesquisas que podem gerar novos produtos tanto nas empresas quanto nas universidades.

A queda no número de projetos é preocupante a longo prazo. Quanto mais empresas e centros de pesquisa inovadores tem uma região, maior as chances de ela ter empreendimentos fortes e formar mão de obra qualificada na área tecnológica. O resultado pode ser um estado com uma economia menos dinâmica e com mais dificuldade em atrair investimentos e pessoas com perfil inovador.

"A demanda do Paraná é muito modesta. Minas Gerais, por exemplo, demanda mais e consequentemente tem mais repasses", alerta o pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação da PUC-PR, Waldemiro Gremski.

A falta de bons projetos explica a queda dos repasses da Finep ao estado. "Para ser aprovado, tem que ser inovador. Essa é a grande dificuldade. E sem projetos inovadores não se criam riqueza e muito menos desenvolvimento para o estado e para o país. Muitos pesquisadores publicam artigos e estudos, mas não criam nada de concreto", critica.

Timidez

A coordenadora de pesquisa da Seti, Maria Elizabeth Lunardi, afirma que o estado ainda se mostra tímido quando o assunto é inovação. "Em números gerais, a gente percebe que o Paraná poderia ter pelo menos mantido o número de projetos apresentados para a Finep. Mas isso não ocorreu. Ainda estamos atrás de outros estados, como Rio Grande do Sul e Santa Catarina", avalia.

Essa timidez está associada a uma apatia dos pesquisadores, que não conseguem emplacar projetos que possam ser financiados pela Finep. "O fato é que o Paraná ainda demora mais para apresentar projetos quando comparamos com o restante do país. Mas, aos poucos, esperamos que isso mude", opina a coordenadora de pesquisas da UFPR, Graciela Bolzon Muniz.

Exemplo

Remando contra esse cenário, a engenheira química Alessandra Zacarias dos Santos, da empresa Esfera Ambiental, incubada na Universidade Estadual de Maringá (UEM), obteve R$ 400 mil da Finep em 2010. Em dois anos, deverá ser desenvolvido um novo sistema que poderá tratar e reutilizar o esgoto, exceto o oriundo do vaso sanitário. "A gente teve que fazer o projeto, esperar ser aprovado e depois finalizar o produto para que ele possa ser útil à sociedade", explica.

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