
Pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) no Paraná estão envolvidos em um projeto que poderá aperfeiçoar no Brasil o diagnóstico laboratorial do vírus influenza A (H1N1), popularmente conhecida como gripe suína. Os paranaenses podem vir a utilizar o conhecimento adquirido no estudo de reagentes para diagnóstico de Hepatite C e HIV, iniciado há três anos, na produção de kits para a nova gripe.
Atualmente, estes kits são fornecidos pela Organização Mundial da Saúde. A substituição por similares nacionais traria maior autonomia para o sistema de saúde brasileiro, economia de recursos públicos e ampliação da capacidade de análise de amostras, segundo a assessoria de imprensa da sede da Fiocruz, no Rio de Janeiro.
O projeto começou nos laboratórios de pesquisa do Instituto Carlos Chagas (ICC) e do Instituto de Biologia Molecular do Paraná (IBMP), localizados no parque industrial do Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar), em Curitiba. Também participam o Instituto Oswaldo Cruz (IOC) e o Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Biomanguinhos), no Rio.
O diretor do ICC, Samuel Goldenberg, explica, no entanto, que os estudos ainda estão no início. "Começamos a conversar sobre isso de três semanas para cá. São conversas ainda. Tem de adaptar e fazer estudos", afirma. "Sabemos que há viabilidade tecnológica para desenvolver o kit para diagnóstico da gripe A. Uma vez decidido pela Fiocruz nacional, temos condição de desenvolver isso num período de tempo compatível com a urgência da doença." Para o início do processo, é preciso que haja uma sinalização do Ministério da Saúde, o que até agora não ocorreu.
O processo
Os reagentes que já são desenvolvidos para o diagnóstico de Hepatite C e HIV, atualmente na fase de protótipos, poderiam ser produzidos também para gripe A. "O que a gente pode vir a fazer é produzir reagentes para que os exames para a gripe A entrem numa escala de produção", explica o diretor do ICC. Esse tipo de reagente possibilita que se trabalhe numa escala de automação, o que aumenta a capacidade de se analisar um maior número de amostras.
Robôs manipulariam os exames e seria montada uma plataforma para um grande número de amostras. De 500 a 600 exames poderiam ser processados por dia. Para efeito de comparação, o Laboratório Central do Estado (Lacen), em São José dos Pinhais, tem capacidade para analisar cerca de cem amostras diariamente. A previsão é que nessa semana o Lacen seja credenciado pelo ministério e passe a realizar os exames a nova gripe.
Segundo Goldenberg, o sistema é pioneiro no Brasil. "Se entrarmos na produção, não é coisa para amanhã. Nossa preocupação é responder e atender os programas do Ministério da Saúde", diz. "Nosso papel tem sentido se essa for a política do ministério. Estamos de prontidão para dar resposta rápida", completa o responsável pelo IBMP, Mario Santos Moreira.



