
O desempenho das escolas públicas e privadas no Paraná está entre os melhores do país, segundo o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) 2009 por regiões e unidades da federação. Elaborado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais (Inep), autarquia do Ministério da Educação (MEC), o Ideb revela que o estado bateu as metas previstas para o ano passado. As escolas paranaenses sempre aparecem entre os cinco primeiros lugares no país, independentemente do recorte e da modalidade de ensino avaliada. Feito igual repetido apenas por Santa Catarina. Em números absolutos, os melhores desempenhos no Ideb 2009 no Paraná ficam para as escolas privadas. São elas que respondem pelas maiores notas em todas as etapas. Comparativamente à educação pública é nas séries iniciais do ensino fundamental (1.º ao 5.º ano) que os desempenhos mais se aproximam. A diferença fica em apenas 1,6 ponto.
O estudo revela ainda que, pela terceira vez, Curitiba figura como a capital com o maior Ideb. Em 2009 atingiu o índice 5,7 e está bem perto de atingir a meta 6, estabelecida pelo governo federal para todas as escolas do país até 2021.
A divulgação do desempenho da rede privada nos dados regionais é uma novidade questionada no Ideb deste ano. Segundo a assessoria de imprensa do Inep, a nota das escolas privadas entra na composição da média geral do Ideb nacional, das regiões e unidades da federação, desde 2005. Porém, até o Ideb 2007, os dados divulgados antecipadamente para a imprensa não continham o recorte do tipo de rede para estados e regiões.
Síntese
O Ideb é uma síntese de indicadores educacionais que tem o objetivo de avaliar a qualidade educacional no país. Reúne o resultado das notas da Prova Brasil ou do Saeb (Sistema de Avaliação da Educação Básica) e as taxas de aprovação de cada escola. A Prova Brasil é universal para todas as escolas públicas do ensino fundamental e inclui avaliação das disciplinas de Matemática e Língua Portuguesa. Já o Saeb ocorre de maneira amostral para as escolas do ensino fundamental privado e para o ensino médio de um modo geral (incluindo as redes públicas e privadas).
De acordo com o doutor em Educação e coordenador do programa de pós-graduação em Educação da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Ângelo Souza, os resultados do ensino particular não aparecem no recorte das notas do município, nem das escolas. "Além de ser por amostragem, não há a identificação das escolas privadas", diz. Souza ressalta que nos últimos dois anos houve uma forte pressão da União Nacional dos Dirigentes Municipais da Educação (Undime) e do Conselho Nacional dos Secretários Estaduais de Educação (Consed) sobre o MEC para a divulgação do desempenho das particulares. "Não dá para colocar o setor privado no mesmo pacote que será beneficiário de políticas públicas. A composição dos dois setores é desnecessária e além disso, gera uma política mista que causa confusão", afirma.
O presidente da Undime, Carlos Eduardo Sanches, afirma que nos anos anteriores, o Inep não fazia a divulgação do desempenho da rede privada e diz que a Undime irá pedir para o próximo ministro da Educação que a Prova Brasil também seja aplicada em toda a rede privada educacional do país. "Não é regular o ensino privado, mas acompanhar a qualidade educacional como um todo, enquanto nação", ressalta. Para Sanches, os resultados da rede particular não são tão surpreendentes, quando se compara o total gasto por aluno. De acordo com ele, os municípios paranaenses aplicam cerca de seis vezes menos por ano do que o ensino privado. "No fim das contas somos mais eficientes", diz.
Por sorteio
As escolas particulares não são obrigadas a participar do Saeb, avaliação que vai servir de base para a composição do Ideb da rede particular. O teste aplicado é o mesmo da Prova Brasil, aplicada aos estudantes do ensino público fundamental. A partir dos dados do Censo Escolar, o Inep sorteia estabelecimentos privados que são convidados a participar da avaliação.
O Colégio Dom Bosco, de Curitiba, já teve algumas de suas sedes sorteadas, e sempre aceitou o convite. "Achamos importante participar", diz a secretária-geral das sedes do Dom Bosco, professora Ilka Denise Rosseto Gallego Campos. "Além de colaborar para que se conheça a realidade do ensino no país, temos como retorno o acesso aos dados do MEC."
Ilka lembra que o índice avalia não somente a aprendizagem dos alunos, mas também traz indicadores de repetência, evasão e assiduidade dos alunos. "Se fossem considerados apenas os dados da escola pública, não teríamos um retrato fiel do ensino no Brasil", afirma.
O presidente do Sindicato das Escolas Particulares do Paraná (Sinepe-PR), Ademar Pereira, não esconde sua satisfação com os resultados obtidos pelos estabelecimentos de ensino privados do estado. "Estamos bem. Equiparamos a nossa nota com a de países de primeiro mundo", comemora. Na avaliação de Pereira, por ser uma amostragem, o levantamento não revela a realidade das escolas privadas com fidelidade. Para ele, a metodologia das provas precisa ser melhor trabalhada.
A secretária de Educação do Paraná, Yvelise Arco-Verde, que também preside o Consed, foi procurada pela reportagem e informou que só irá conceder entrevista sobre os resultados do Ideb 2009 a partir de hoje.




