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questão agrária

Paraná tem 7 áreas sob risco de conflito entre índios e ruralistas

Situação é mais tensa nas cidades de Guaíra e Terra Roxa, onde vivem 2,2 mil indígenas. Em Laranjeiras do Sul, demarcação de terra foi suspensa

Os índios da etnia Munduruku, que desocuparam o canteiro da usina de Belo Monte ontem de manhã, foram transportados a Brasília em dois aviões da Força Aérea | Antonio Cruz/ABr
Os índios da etnia Munduruku, que desocuparam o canteiro da usina de Belo Monte ontem de manhã, foram transportados a Brasília em dois aviões da Força Aérea (Foto: Antonio Cruz/ABr)

A relação entre índios e produtores rurais é tensa no Paraná em sete áreas que são reivindicadas por povos indígenas, segundo levantamento do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), ligado à Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Nesses locais, o risco de conflitos como os que vêm ocorrendo no vizinho estado do Mato Grosso do Sul é real e preocupa as autoridades. A situação se agravou depois que o governo federal decidiu paralisar as demarcações de terras indígenas. Em todo o país, são 97 áreas sob risco de conflito (veja infográfico abaixo).

INFOGRÁFICO: Veja os 97 pontos de tensão que envolvem índios no país. Sete são no Paraná

Os maiores focos de tensão no Paraná se concentram nas regiões Oeste, entre Guaíra e Terra Roxa, e no Centro-Sul, em Laranjeiras do Sul. Essa última estava com o processo de demarcação adiantado. As 114 famílias de produtores rurais e meeiros que atualmente vivem na área aguardam indenização, enquanto cerca de 150 índios da etnia caingangue estão acampados no entorno.

As outras seis áreas ainda estão em processo de identificação. Três delas ficam entre as cidades de Guaíra e Terra Roxa, consideradas o epicentro da tensão entre indígenas e ruralistas no Paraná. "A situação lá é dificílima", resume o secretário de Assuntos Fundiários do governo do estado, Hamilton Serighelli.

Entre as duas cidades vivem 2,2 mil índios guaranis. Em Guaíra, são nove aldeias, sete delas na zona urbana. Em Terra Roxa, são outros cinco acampamentos.

Sem infraestrutura básica, os índios vivem em condições precárias e enfrentam até falta de água potável. Em épocas mais críticas, fazendeiros chegam a promover bloqueios para evitar que cestas básicas cheguem às aldeias. "Os índios estão sob constante pressão do agronegócio. As agências pastorais não conseguem chegar às aldeias porque seus agentes são ameaçados", relata Cléber Busatto, secretário executivo do Cimi.

Segundo Serighelli, a regularização fundiária dessas áreas não é tão simples como se imagina. Apenas para indenizar os proprietários rurais de Guaíra e Terra Roxa seriam necessários cerca de R$ 400 milhões. Já as indenizações em Laranjeiras do Sul são estimadas em R$ 60 milhões. "O problema é terra. Ou você pega terra pública ou adquire. Para isso precisa de um grande volume de recursos", diz.

A Casa Civil informou que um estudo da Embrapa diagnosticou irregularidades no processo de ocupação das áreas reivindicadas pelos índios em Guaíra e Terra Roxa. De 15 áreas vistoriadas, dez teriam sido ocupadas a partir de 2007. Em outras quatro, não há índios vivendo. Em apenas uma confirmou-se a presença regular dos guaranis.

União pede ao STF decisão sobre Raposa do Sol

Agência Estado

O governo federal quer o socorro do Supremo Tribunal Federal (STF) para evitar novos conflitos entre índios e fazendeiros, que se alastram pelo país. A expectativa é que o Supremo dê o veredicto final sobre a demarcação da terra indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima, o mais rápido possível. A falta de uma sentença definitiva do STF no julgamento da ação que contestou a demarcação dessa área é vista pelo governo como um "incentivador" dos novos confrontos envolvendo índios. Em conversas reservadas, ministros dizem que, enquanto o impasse envolvendo Raposa Serra do Sol não se resolver, o governo fica de mãos atadas, por não haver um parâmetro para as decisões.

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