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Familiares assistem momento em que 22 detentos deixam carceragem do 12º DP, na capital paranaense | Rafael Neves/Gazeta do Povo
Familiares assistem momento em que 22 detentos deixam carceragem do 12º DP, na capital paranaense| Foto: Rafael Neves/Gazeta do Povo

Protesto

A carceragem do 12º DP está informalmente "interditada" por agentes do Sinclapol. Isso significa que os policiais estão vigiando a unidade para impedir a entrada de mais presos. No caso da delegacia em Santa Felicidade, a medida foi adotada para garantir a segurança de policiais e presos devido à superlotação do espaço e também como uma forma de protesto contra a guarda de presos em delegacias.

Este é o segundo "bloqueio" que o sindicato promove. Desde o último dia 3, a Delegacia de Vigilâncias e Capturas (DVC), no Tarumã, também não está mais recebendo presos. Quando a ação começou, havia apenas cinco pessoas detidas no local. Atualmente, segundo a polícia, não há mais nenhuma.

O presidente do Sinclapol, André Gutierrez, afirma que a ação deve ser ampliada a outras delegacias. "Nos próximos dias, vamos fiscalizar outras carceragens superlotadas, inclusive algumas que já foram interditadas pela Justiça mas continuam recebendo presos", afirmou.

A Secretaria de Justiça e Direitos Humanos (Seju) transferiu, no final da tarde desta quinta-feira (17), 22 presos do 12º Distrito Policial (12º DP) de Curitiba, em Santa Felicidade, para a Casa de Custódia de Piraquara, na região metropolitana. A remoção aconteceu após um dia de manifestação dos policiais da unidade, que impediram os detentos de receber familiares. Os agentes de polícia protestam contra o fato de os policiais acumularem a função de vigiar os detentos nas delegacias.

De acordo com um integrante do Sindicato das Classes Policiais Civis do Paraná (Sinclapol), que estava no local durante todo o dia, houve tensão dentro e fora da carceragem devido à suspensão de visitas. Alguns presos, segundo ele, se recusaram a receber o almoço em protesto, mas não houve ocorrências violentas. As sacolas com mantimentos que as famílias levam aos internos também não puderam ser entregues. Regularmente, as visitas deveriam ter acontecido em dois horários durante o dia – das 9h às 11h e das 14h às 16h.

No momento da transferência, que aconteceu por volta de 17h, mais de dez familiares dos presos ainda estavam em frente à delegacia, procurando saber se seus parentes estavam entre os que seriam retirados. A mãe de um deles acabou surpreendida. "Meu filho tinha sido trazido para cá dois meses e meio atrás. Quando cheguei aqui hoje, descobri que ele já tinha sido levado para Piraquara no dia 11 [de outubro] e ninguém me avisou", reclamou.

O pai de outro detento, que foi transferido na tarde desta quinta, relatou que ainda não conseguiu falar com o filho desde que ele foi detido, há quase um mês. "Ele estava no 7º DP, foi trazido para cá e estava só com uma muda de roupa desde que chegou. Eu perdi meio dia de serviço pra poder falar com ele e não consegui", contou. Quando o rapaz saiu algemado em direção ao caminhão do Centro de Triagem, que levou os homens a Piraquara, houve tempo apenas para trocar algumas poucas palavras. "Agora vou ter que voltar pra casa e ver quando me deixam visitar ele [sic] lá", desabafou.

Superlotação

Antes da transferência desta quinta, o 12º DP estava com 125 detentos, segundo a Seju. Os 22 transferidos eram os únicos, de acordo com a Secretaria, que já estavam com mandado de prisão lançado no sistema. Os demais, que seguem no local, "estão aguardando a conversão da prisão em flagrante para prisão preventiva, feita pelo Poder Judiciário, ou ainda não tiveram o registro do cumprimento do mandado de prisão lançado pelo delegado de polícia no sistema informatizado", informou em nota a Secretaria.

A Secretaria diz ainda que 522 presos já foram transferidos da carceragem em Santa Felicidade apenas neste ano. Com os que foram removidos nesta quinta, o número sobe para 544. Um policial lotado na unidade, contudo, afirma que há mais de 30 detentos no local que não são provisórios e inclusive já estão sentenciados pela Justiça, ou seja, deveriam estar em uma penitenciária.

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