Curitiba O engenheiro Luiz Fernando Ferrari Mosca, 54 anos, será sepultado hoje à tarde no cemitério João XXIII, em Porto Alegre, onde morava. Mosca morreu ontem por volta das 6 horas da manhã de enfarte agudo do miocárdio, após passar a noite no Aeroporto Internacional Afonso Pena, em São José dos Pinhais, na região metropolitana de Curitiba.
O engenheiro tinha um vôo marcado para a noite de ontem, que o levaria à capital gaúcha, e passou a noite na sala vip da empresa Gol à espera da decolagem. Segundo informações da assessoria de imprensa da Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária (Infraero), Mosca passou mal por volta das 5h30 da manhã, foi atendido pela equipe médica da empresa e transportado de ambulância ao Hospital Santa Cruz, em Curitiba, onde morreu após o atendimento.
Ontem, o aeroporto permaneceu fechado para pouso e decolagens até as 8h30 da manhã. A neblina deixou o aeroporto fora de operação desde as 21h40 de anteontem, durante a paralisação dos operadores de vôo, que ocorreu em todo o país até a madrugada de ontem. Ainda não se sabe se a morte do engenheiro tem ligação com a confusão provocada pela greve.
O engenheiro tem um irmão que mora em Curitiba, que nem sabia da passagem dele pela capital paranaense. O irmão não quis dar declarações à imprensa, mas de acordo com uma pessoa ligada à família que pediu para não ser identificada, Mosca não tinha problemas de saúde. "Ele era obeso e sedentário. Não se sabe se ele ficou nervoso com o problema no aeroporto", diz. O traslado do corpo foi feito por via terrestre no início da tarde de ontem pela funerária Paranaense. De acordo com o serviço funerário municipal de Curitiba, novas normas da vigilância sanitária não permitem que o transporte de urna mortuária seja feito pelo Afonso Pena.
A mesma pessoa informou que um funcionário da empresa Gol acompanhou a liberação do corpo, mas não garantiu nem a doação das passagens até a capital gaúcha para a família do engenheiro morto, que mora em Curitiba. A assessoria de imprensa da Gol foi procurada, mas ninguém atendeu o telefone. O supervisor de operações da empresa em Curitiba, que não se identificou, disse que não sabia de morte alguma e não podia prestar declarações.
Durante toda a manhã de ontem o movimento foi intenso no aeroporto e foi maior nos guichês da empresa Gol. Segundo a assessoria de imprensa da Infraero, do total de 56 vôos programados, até as 12 horas, 11 foram cancelados e 21 estavam atrasados.
Acordo
Controladores de vôo consultados pela reportagem revelaram que o trabalho de monitoramento em Curitiba estava ainda mais complicada nos últimos 20 dias, por conta da suspensão de dois militares por insubordinação. Com o aeroporto já fechado por causa da neblina, os controladores do Cindacta II (que inclui a área de cobertura aérea do Paraná) participaram na noite de sexta-feira de uma reunião com 75 profissionais. Por volta das 23 horas, quando o sistema lento já congestionava os aeroportos, eles decidiram pelo aquartelamento voluntário. O trabalho seguiu com apenas um controlador em cada torre, somente para situações de emergência, até às 1h30 de ontem, quando chegou a notícia de que o governo federal estava propondo um acordo, nos seguintes termos: a não punição dos insubordinados, adicional imediato na remuneração e desmilitarização. Só a partir daí o serviço de pousos e decolagens foi retomado.



