Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
Terra adorada?

Pátria nem sempre tão amada assim

Ser patriota não é o forte do brasileiro. Com os avanços econômicos, porém, tendência é de melhoria no sentimento de orgulho dos cidadãos

Alunos do Colégio Acesso cantam o Hino Nacional: mergulho na História do Brasil para conhecer o passado e construir um futuro diferente | Hedeson Alves/Gazeta do Povo
Alunos do Colégio Acesso cantam o Hino Nacional: mergulho na História do Brasil para conhecer o passado e construir um futuro diferente (Foto: Hedeson Alves/Gazeta do Povo)
Veja os índices do patriotismo brasileiro |

1 de 1

Veja os índices do patriotismo brasileiro

Para estudantes de uma escola em Curitiba o feriado de 7 de setembro será muito mais do que alguns dias de folga para ir à praia. Nas duas últimas semanas eles mergulharam na História do Brasil e aprenderam na prática o que foi a Independência. O colégio todo está enfeitado com símbolos nacionais e dom Pedro I deixou de ser uma figura distante. O conteúdo análogo à data foi trabalhado em todas as disciplinas e os alunos foram estimulados a relacionar os acontecimentos históricos com a realidade de hoje. "Só conhecendo o passado é que eles poderão construir um futuro diferente. Trabalhamos com uma visão crítica", diz o professor de História do Colégio Acesso Rafael José Bassi, autor da iniciativa junto com outros docentes.

A proposta está no caminho que especialistas afirmam ser o necessário para ampliar o patriotismo no país. Segundo o sociólogo e cientista político mineiro Rodrigo Mendes Ribeiro, a visão que os brasileiros têm de sua cultura só melhorará por meio da educação. Ele é um dos autores do Projeto Brasilidades, que pesquisa o modo como o brasileiro se vê. Os resultados mostram que o cidadão, de modo geral, ainda não valoriza alguns símbolos nacionais. Em relação ao Hino Nacional, por exemplo, apenas 21% da população conhece a letra na íntegra. Levantamento realizado ano passado pela Paraná Pesquisas a pedido da Gazeta do Povo mostrou resultados semelhantes.

Apesar de frequentemente se dizer que o brasileiro é pouco pa­­triota – fato exemplificado no desconhecimento do Hino Na­­cional, por exemplo –, especialistas acreditam que a perspectiva pa­­ra o futuro é positiva. Ricardo Oliveira, cientista político e professor da Universidade Federal do Pa­­raná, diz que com os avanços econômicos, a tendência é que o sentimento de orgulho se amplie. "O brasileiro sempre quis ser patriota, mas acreditava não ter motivo. Isso ficava claro no futebol, por exemplo, onde tínhamos um talento reconhecido. Com os avanços sociais e econômicos dos últimos anos, a tendência é favorável."

O sociólogo Rodrigo Mendes Ribeiro também tem opinião semelhante. Suas pesquisas mostram que cada vez mais o cidadão está esperançoso em relação ao futuro. Hoje, 62% se consideram otimistas com os próximos anos. "O brasileiro está gostando mais de si mesmo e do país. Há uma autopercepção positiva e mais orgulho." Outra constatação é que o "jeitinho brasileiro" está deixando de ser algo análogo à corrupção e passando e ser uma forma criativa de solucionar problemas.

Para Ricardo Oliveira é importante que os cidadãos sejam patriotas porque isso cria um sentimento de vida em comunidade e as pessoas passam a trabalhar pelo bem comum. "Há um reforço de laços comunitários. É um processo de maturidade. O país passa a ter seu próprio projeto e não é mais colonizado ou submetido ao imperialismo. Não sonha mais outros projetos e nem importa culturas."

Quando se fala em patriotismo há uma associação entre a realidade dos Estados Unidos e a brasileira. Para os especialistas, os dois países vivem realidades diferentes desde a sua formação. Além disso, o Brasil passou por um período recente de ditadura em que símbolos nacionais como o hino e a bandeira estavam associados aos militares. "Aderir a esses símbolos era aderir à ditadura. Mas hoje a democracia está institucionalizada", explica Ribeiro.

Política

A pesquisa de Ribeiro mostra que os brasileiros têm realmente uma aversão à política. "Há um nível de desinteresse grande, um preconceito que faz as pessoas terem vergonha. O cidadão acha que a política é um problema dos outros. Gra­dativamente isso está mudando", diz o sociólogo.

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.