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| Foto: Bruno Covello/Gazeta do Povo

“Quem nasceu no interior da Bahia, aprende desde cedo que, no banho, na hora de passar o sabonete, tem que fechar a torneira”, explica o pedreiro Cosme dos Santos, 64, que nasceu em Santana (a 831 km de Salvador) e hoje mora na zona norte de São Paulo.

“O problema é ensinar para os mais novos, o filho mais novo e os netos que gostam de banho demorado”, conta.

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Apesar da resistência, a família do pedreiro mudou de hábitos e passou a tomar banhos mais curtos desde o início da grave crise da água em São Paulo, em 2014.

“A gente sabe que é melhor economizar do que um dia ficar sem água para higiene e para cozinhar”, explica.

A família de Cosme é um retrato dos resultados de uma nova pesquisa da Kantar sobre o tema.

Os dados mostram que, diante da rotina de falta de água e da expectativa de colapso dos reservatórios, o paulistano diminuiu em quase 10% o número de seus banhos semanais.

Para o instituto, que compilou diferentes pesquisas, no início de 2014, quando a seca no Sudeste começava a aparecer, o paulistano tomava 13,8 banhos por semana. Em meados de 2015, quando milhares de pessoas já ficavam diariamente sem água em São Paulo, o índice semanal de banhos caiu para 12,5.

Brasil

A redução do número de banhos também ocorreu no cenário brasileiro, com a queda de 15,7 para 13,8 banhos semanais. Para efeito de comparação, na França, esse índice é de 7,4 banhos por semana e na Itália, de 6.

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Segundo diferentes pesquisa, o Brasil é o campeão mundial de banhos - com média de quase dois ao dia.

Outra mudança dos hábitos na hora dos banhos é que houve uma diminuição do número de banhos longos que foram substituídos por chuveiradas mais curtas, como na família de Cosme.

Enquanto no início da crise, em 2014, 41% dos brasileiros tomavam banhos longos (com mais de 15 minutos), 27% tomavam banhos curtos (com menos de 5 minutos).

Com o agravamento da seca, há uma troca nesse padrão. No meio de 2015, o cenário já é outro. A predileção por banhos longos despencou e passou a ser opção de 27% de brasileiros. Já os banhos curtos tiveram uma alta e chegaram a 33%.

O ápice dos banhos curtos coincide com o início de 2015, justamente quando o Sudeste viu seus reservatórios no nível mais baixos. Naquela época, 38% dos brasileiros tomavam banhos curtos.

Os dados partiram de uma amostra de 965 casas que representam o universo do país e têm margem de erro de 1 ponto percentual.

Entre os impactos desta mudança de hábitos está a redução do consumo de produtos de higiene atrelados ao banho, principalmente o shampoo e condicionador.

“Isso não significa que o brasileiro está mais descuidado com a higiene pessoal. Mas há uma tendência de um uso mais racional. A pessoa pensa: ‘Será que eu preciso lavar o cabelo hoje?’“, conta Jacqueline Lafloufa, porta-voz do instituto de pesquisa.

Outro efeito é o aumento do consumo de desodorante, principalmente os aerossóis.

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