
A Polícia Civil ainda não tem provas sólidas sobre a autoria do assassinato da professora universitária e psicóloga Telma Fontoura, 53 anos, morta no último fim de semana, no litoral do Paraná. Mas acredita fortemente que o músico Paulo Estevão de Lima, 43 anos, esteja envolvido no crime. O acusado nega qualquer participação.
Calças com marcas de areia e folhas de restinga; um tênis cujo solado corresponde a uma pegada encontrada no local do homicídio; e uma testemunha que viu Lima a cerca de 300 metros da área foram os principais indícios que levaram o delegado José Antônio Zuba a pedir a prisão temporária de 30 dias do suspeito. A prisão pode ser prorrogada por mais um mês.
O suspeito foi apresentado à imprensa, na manhã de ontem, em Curitiba, no 1.º Distrito Policial. Ele foi detido na tarde de terça-feira nos fundos de uma pousada no balneário Shangri-lá, onde morava de aluguel, em Pontal do Paraná. Em troca da moradia, Lima tocava violão e cantava no estabelecimento toda quinta-feira.
De acordo com Zuba e o delegado Luiz Alberto Cartaxo de Moura, chefe da Divisão de Polícia do Interior, com a prisão, a polícia poderá trabalhar com mais tranquilidade em busca de provas mais consistentes contra o suspeito. Questionado sobre qual era a probabilidade do crime ter sido cometido por Lima, Zuba repondeu: "99%". O suspeito ficará preso na delegacia de Ipanema, em Pontal do Paraná.
Pistas iniciais
A calça apreendida pela polícia, que estava com as barras dobradas, tinha areia fina e clara. Segundo a polícia, a tonalidade desses grãos encontrados na calça é semelhante aos da areia onde o corpo da vítima foi enterrado. Na calça havia ainda marcas de areia prensada na parte da coxa, acima do joelho. A polícia acredita que o suspeito teria se sujado com a areia ao arrastar a vítima.
Um par de tênis localizado junto com a calça no quarto onde Lima morava tinha areia na sola. O solado do calçado tem um desenho de triângulo característico com frisos sequenciais. Zuba mostrou fotos de uma pegada na areia, encontrada próxima ao local em que o corpo foi encontrado. De acordo com a polícia, as mesmas marcas da sola estavam na pegada.
Outro indício seria o reconhecimento do suspeito feito por um dos irmãos da vítima. O parente teria visto Lima sentado, por três momentos diferentes, em um pedaço de madeira durante as buscas. A testemunha chegou a perguntar para Lima se ele tinha visto Telma, mas o suspeito baixou a cabeça sem responder. O local em que foi visto ficava a aproximadamente 300 metros de onde a psicóloga foi localizada, segundo Zuba.
Cremação
O corpo de Telma está sob a guarda do Crematório Vaticano. Como a polícia solicitou exames complementares, o corpo ainda não pode ser cremado. A lei exige que o juiz da Vara de Inquéritos Policiais autorize a cremação apenas se não houver mais necessidade do corpo para as investigações. A polícia aguarda laudo do Instituto Médico Legal que pode confirmar se houve abuso sexual.




