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Presença do zika em pernilongo comum pode ajudar a explicar velocidade na disseminação da doença. | Rovena Rosa/Agência Brasil
Presença do zika em pernilongo comum pode ajudar a explicar velocidade na disseminação da doença.| Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil

Pesquisadores da Fiocruz de Pernambuco conseguiram coletar evidencias que colocam o mosquito Culex quinquefasciatus, o pernilongo comum, como um potencial vetor do vírus zika. Até o momento, apenas o Aedes aegypti era considerado vetor da doença, apontada como a responsável pela má-formação em centenas de bebês no Brasil, principalmente na Região Nordeste do país. Agora, serão realizados novos estudos para avaliar a participação do Culex na disseminação do vírus zika e seu papel na epidemia. Segundo dados do Ministério da Saúde, só neste ano já foram registrados 165 mil casos prováveis da doença no Brasil.

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Os pesquisadores da Fiocruz de Pernambuco identificaram a presença do zika no intestino, na glândula salivar e na saliva do mosquito Culex. A carga viral encontrada na saliva do pernilongo foi similar a do Aedes aegypti . “Isso mostra que as duas espécies, o Aedes Aegypti e o Culex têm um nível de competência vetorial bastante similar”, disse Constância Ayres, coordenadora do estudo.

Outro achado da pesquisa foi a agilidade com que o zika se multiplica nos insetos e se torna capaz de infectar outra pessoa. Segundo as investigações, a partir do terceiro dia após a alimentação artificial já foi possível detectar a presença do vírus nas glândulas salivares do Aedes aegypti e do Culex. “Isso é um período muito curto, o que explica a rapidez na disseminação da doença. Só para vocês terem ideia, com dengue esse período é de 10 a 15 dias. O zika é extremamente rápido. Em três dias o vírus já estaria apto a infectar um outro hospedeiro” , explicou a pesquisadora.

Os dados preliminares da pesquisa de campo identificaram a presença de Culex infectados naturalmente pelo vírus zika em três dos 80 grupos de mosquitos analisados até o momento. Em dois desses três grupos infectados, as amostras os mosquitos não estavam alimentados, demonstrando que o vírus estava disseminado no organismo do inseto e não em uma alimentação recente num hospedeiro infectado.

A coleta dos mosquitos foi feita com base nos endereços dos casos relatados de zika nas cidades do Recife e Arcoverde, obtidos com a Secretaria de Saúde de Pernambuco. O número total de mosquitos examinados na pesquisa foi de aproximadamente 500. O objetivo do projeto é comparar o papel de algumas espécies de mosquitos do Brasil na transmissão de arboviroses. Foi dada prioridade ao vírus zika devido a epidemia da doença no Brasil e sua ligação com a microcefalia.

Na etapa de laboratório, com o objetivo de investigar a competência vetorial das espécies Culex e Aedes aegypti, os mosquitos foram alimentados com uma mistura de sangue e vírus, permitindo o acompanhamento do processo de replicação do patógeno dentro do inseto.

Se a espécie não é um vetor, em determinado momento o desenvolvimento do vírus é bloqueado. No entanto, se é vetor, a replicação do vírus acontece, dissemina no corpo do inseto e acaba infectando a glândula salivar. A partir desse momento, o vírus pode ser transmitido para outros hospedeiros durante a alimentação sanguínea, pela liberação de saliva contendo vírus.

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