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Vandalismo

Persistência, antídoto contra a pichação

Cobrir rapidamente a “arte” de vândalos foi a arma escolhida por um condomínio em Curitiba para reduzir as ocorrências

Willian Guisi e o síndico Cleverson Ribas: redução drástica das pichações foi conseguida com tinta, câmeras e iluminação | Hedeson Alves/Gazeta do Povo
Willian Guisi e o síndico Cleverson Ribas: redução drástica das pichações foi conseguida com tinta, câmeras e iluminação (Foto: Hedeson Alves/Gazeta do Povo)

O analista de sistemas Willian Marcel Guisi, 30 anos, há dois anos resolveu dar um basta ao vandalismo ao qual o condomínio onde mora, no bairro Fazendinha, em Curitiba, sofria semanalmente. O que antes era recorrente, desde 2009 tornou-se esporádico. A saída foi agir com persistência: a cada pichação, uma nova cobertura de tinta. "Vamos insistir nesta prática até mudar o comportamento dos vândalos", garante Guisi.

O fenômeno de colocar em prática ideias simples e inseridas no contexto social, não é de hoje. Mas o aprendizado de Guisi foi se dar apenas com a leitura do livro O Ponto de Desequilíbrio, do jornalista americano Malcolm Gladwell. Por meio da obra, ele percebeu que também poderia ser um propagador de boas práticas no local onde havia escolhido morar. Além da "teimosia" de pintar e repintar o muro, os condôminos resolveram aumentar o número de pontos de luz e investir no paisagismo. O resultado, nesses dois últimos anos, foi uma diminuição no número de pichações. Se antes da medida baseada na persistência o condomínio via de duas a três pichações por semana, de lá para cá ocorreram "apenas" três pichações.

A cada nova pintura mensal do muro de 120 metros quadrados, são gastos em torno de R$ 2 mil. Quando é feito apenas o reparo, conforme o atual síndico Cléverson Luiz Ribas, 26 anos, usa-se o restante das tintas, o que reduz em muito o custo da pintura. Para o técnico em automação industrial, o investimento compensa bastante. "O importante é garantir o bem-estar dos moradores, o que gera qualidade de vida. E isso certamente passa pela sensação de segurança e de cuidado com o patrimônio, que resultam dessa luta diária contra o vandalismo". Nos próximos meses, está prevista a instalação de câmeras no portão. E caso sejam identificados os vândalos, a ideia é procurar as famílias deles para a devida orientação.

Histórico

Guisi conta que ao levar o plano de combate ao vandalismo para o síndico da época, houve descrédito. Mesmo depois de contar-lhe sobre o caso positivo de resgate do público do metrô de Nova Iorque e a diminuição da criminalidade ao combater primeiramente os pichadores – um dos cases citados na obra do jornalista Glad­­­well. "É difícil mudar um comportamento. Porém o que priorizamos foi a mudança psicológica", diz ele. Ao assumir como síndico, na sequência, implantou as técnicas aprendidas.

Ele lembra que a primeira pichação depois de ter assumido o cargo de síndico, ocorreu pela manhã. Ao ver o ocorrido, não aguardou o zelador chegar: ele mesmo refez a pintura. Só voltaram a vandalizar o muro seis meses depois. E, novamente, ele voltou a pintar. "A ideia é não desistir nunca. O intuito dos pichadores é comunicar algo. Ao cobrir rapidamente a pichação, as informações são destruídas, o pichador se frustra e deixa de usar aquele espaço."

O aumento de focos de luz e a colocação de plantas também têm ajudado na manutenção do muro limpo. A instalação de alarmes e o cuidado de ficar de "olho no vizinho" – cada vez que o alarme soa – têm sido garantia para a melhoria da segurança. O síndico lamenta, porém, que prédios vizinhos ainda não terem incorporado a filosofia de combate à violência pelo uso dessa técnica. E continuam sendo pichados.

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