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Caso de Gravataí

Perspicácia livra agricultor de sequestro

Quadrilha investigada pelo Tigre havia tentado dar golpe em família de São Paulo uma semana antes de sequestro que acabou com morte

Foragido, Vladimir usa o nome falso | Divulgação
Foragido, Vladimir usa o nome falso (Foto: Divulgação)

Uma família de agricultores de Itaporanga, no interior de São Paulo, escapou dos sequestradores de Gravataí (RS) uma semana antes de a quadrilha ser presa pela polícia gaúcha, depois de um saldo de duas mortes. Ao contrário do agricultor e empresário de Quatro Pontes (PR) Osmar Finkler (veja matéria abaixo), que se iludiu com uma oferta tentadora de uma máquina agrícola e acabou vítima de sequestro, Flávio Gonzaga, de 39 anos, desconfiou do anúncio e evitou o golpe. Ele enviou e-mail à Gazeta do Povo e atendeu a reportagem por telefone para contar a história e fazer um alerta sobre o perigo do golpe.

A atitude perspicaz da família foi fundamental para evitar um possível sequestro. Gonzaga desconfiou quando o vendedor, um dos integrantes da quadrilha, não quis informar o número de série de duas colheitadeiras oferecidas, modelos TC 59 e TS 650. "Com o número, eu podia ir numa concessionária e descobrir se era legal", conta.

Durante a negociação que gerou dez e-mails e ligações com o sequestrador-vendedor, Gonzaga ainda desconfiou quando a oferta chegou com a informação de que as máquinas estavam baratas (cerca de R$ 140 mil e R$ 150 mil cada) porque teria sido comprada do Banco Nacional do Desenvol­­vimento (BNDES). "Mas o BNDES não vende máquinas, pensei."

O agricultor de Itaporanga viu o anúncio das máquinas no site MF Rural, no início do mês. Na terça-feira, dia 13, enquanto negociava com o vendedor de nome falso Edson Wladimir de Oliveira Louzada – nome usado pelo sequestrador procurado pela polícia identificado como Vladmir Aparecido Carvalho Grade –, o pai de Gonzaga chamou um amigo, também interessado nas máquinas, para ir a Gravataí. Quando chegaram à cidade gaúcha, deixaram a caminhonete particular em um estacionamento e seguiram pelo município de táxi atrás do suposto endereço da empresa que venderia os equipamentos.

"Pedi o CNPJ da empresa pra ele [Louzada] e o endereço. Pesquisei no Google e vi que era de uma assessoria em contabilidade", relatou. No endereço de Gravataí, não havia nenhuma empresa. O pai de Gonzaga encontrou uma casa simples de madeira onde uma senhora de 70 anos morava. Os dois voltaram, então, para Itaporanga e ligaram para Louzada, desistindo da compra.

Bom de lábia

Louzada, de acordo com Gonzaga, é muito bom de lábia. Conversa e convence. Mas não enganou a família de Itaporanga. Durante a negociação, ele mudou as versões, disse que a máquina não era mais do BNDES e sim do Banco do Brasil. "Ele é muito educado para responder às perguntas. Pedi o telefone de algum comprador para checar referências", conta.

O número de telefone tinha o DDD 41, de Curitiba. O nome do comprador era Márcio – um dos sequestradores, que era paranaense, detidos pela polícia em Gravataí. "Ainda bem que não marcamos encontro. A gente se sentiu aliviado quando soube do caso. Ele [o Louzada] é um bagre ensaboado." Gonzaga lembra que em momento algum falou com o vendedor por telefone celular para evitar identificação do endereço da família pela lista telefônica.

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