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Foragido, Vladimir usa o nome falso | Divulgação
Foragido, Vladimir usa o nome falso| Foto: Divulgação

Vários sites têm ofertas com preços suspeitos

A mesma oferta (em forma de golpe) de uma colheitadeira com no mínimo R$ 50 mil de desconto em relação ao preço de mercado está também em outros sites de vendas na internet. Já no endereço eletrônico em que o empresário Osmar Finkler foi atraído pelos sequestradores, o anúncio do maquinário agrícola foi retirado. Mas restaram os comentários de pessoas interessadas nos produtos. Só no período de 6 a 17 de dezembro, dezenas de agricultores e comerciantes demonstraram intenção em comprar a colheitadeira ofertada e enviaram informações pessoias aos golpistas.

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Tigre foi atrás da quadrilha em Gravataí

O grupo Tigre, unidade de elite da Polícia Civil do Paraná, foi a Gravataí na última terça-feira para continuar a investigação de uma série de sequestros em três cidades do Paraná. A quadrilha investigada tinha sede na cidade gaúcha. Ao chegar, os três investigadores do Tigre foram seguidos pelo sargento Ariel Silva, da Brigada Militar, à paisana, em uma moto. Segundo uma fonte ligada ao Tigre, os policiais revidaram a tiros após o sargento disparar contra a viatura descaracterizada. Silva morreu no local.

Na sequência, o Tigre, que não havia avisado a autoridade local que estaria na cidade, repassou informações a delegados da cidade de Gravataí. Dois deles foram até o cativeiro e trocaram tiros com os bandidos. Um dos reféns, Lírio Persh, morreu. Três sequestradores foram presos, mas dois continuam foragidos (um deles é do Paraná). A Justiça gaúcha decretou a prisão temporária dos policiais do Tigre, que permaneciam detidos até o encerramento desta edição, na sexta-feira.

A quadrilha era especializada no golpe do chute, quando se oferece um produto muito abaixo do preço e recebem o pagamento sem entregar a mercadoria. No caso dos dois paranaenses, os criminosos pediam para os compradores buscarem uma colheitadeira. Quando chegaram a Gravataí, mantiveram as vítimas em cárcere privado e pediram R$ 140 mil de resgate. É preciso duvidar de preços muito baixos e nunca pagar sem antes receber o bem prometido, assim como pesquisar as referências de quem oferece a suposta vantagem.

Uma família de agricultores de Itaporanga, no interior de São Paulo, escapou dos sequestradores de Gravataí (RS) uma semana antes de a quadrilha ser presa pela polícia gaúcha, depois de um saldo de duas mortes. Ao contrário do agricultor e empresário de Quatro Pontes (PR) Osmar Finkler (veja matéria abaixo), que se iludiu com uma oferta tentadora de uma máquina agrícola e acabou vítima de sequestro, Flávio Gonzaga, de 39 anos, desconfiou do anúncio e evitou o golpe. Ele enviou e-mail à Gazeta do Povo e atendeu a reportagem por telefone para contar a história e fazer um alerta sobre o perigo do golpe.

A atitude perspicaz da família foi fundamental para evitar um possível sequestro. Gonzaga desconfiou quando o vendedor, um dos integrantes da quadrilha, não quis informar o número de série de duas colheitadeiras oferecidas, modelos TC 59 e TS 650. "Com o número, eu podia ir numa concessionária e descobrir se era legal", conta.

Durante a negociação que gerou dez e-mails e ligações com o sequestrador-vendedor, Gonzaga ainda desconfiou quando a oferta chegou com a informação de que as máquinas estavam baratas (cerca de R$ 140 mil e R$ 150 mil cada) porque teria sido comprada do Banco Nacional do Desenvol­­vimento (BNDES). "Mas o BNDES não vende máquinas, pensei."

O agricultor de Itaporanga viu o anúncio das máquinas no site MF Rural, no início do mês. Na terça-feira, dia 13, enquanto negociava com o vendedor de nome falso Edson Wladimir de Oliveira Louzada – nome usado pelo sequestrador procurado pela polícia identificado como Vladmir Aparecido Carvalho Grade –, o pai de Gonzaga chamou um amigo, também interessado nas máquinas, para ir a Gravataí. Quando chegaram à cidade gaúcha, deixaram a caminhonete particular em um estacionamento e seguiram pelo município de táxi atrás do suposto endereço da empresa que venderia os equipamentos.

"Pedi o CNPJ da empresa pra ele [Louzada] e o endereço. Pesquisei no Google e vi que era de uma assessoria em contabilidade", relatou. No endereço de Gravataí, não havia nenhuma empresa. O pai de Gonzaga encontrou uma casa simples de madeira onde uma senhora de 70 anos morava. Os dois voltaram, então, para Itaporanga e ligaram para Louzada, desistindo da compra.

Bom de lábia

Louzada, de acordo com Gonzaga, é muito bom de lábia. Conversa e convence. Mas não enganou a família de Itaporanga. Durante a negociação, ele mudou as versões, disse que a máquina não era mais do BNDES e sim do Banco do Brasil. "Ele é muito educado para responder às perguntas. Pedi o telefone de algum comprador para checar referências", conta.

O número de telefone tinha o DDD 41, de Curitiba. O nome do comprador era Márcio – um dos sequestradores, que era paranaense, detidos pela polícia em Gravataí. "Ainda bem que não marcamos encontro. A gente se sentiu aliviado quando soube do caso. Ele [o Louzada] é um bagre ensaboado." Gonzaga lembra que em momento algum falou com o vendedor por telefone celular para evitar identificação do endereço da família pela lista telefônica.

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