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O crime na ofensiva

Perueiros pagam R$ 1 milhão por mês ao PCC para trabalhar

São Paulo – Uma parcela significativa da arrecadação mensal do Primeiro Comando da Capital (PCC) provém da cobrança de "pedágio" e, muitas vezes, da própria operação de linhas de lotação da capital. Estima-se que até 20% dos 6 mil perueiros de São Paulo tenham de pagar propina à facção para trabalhar. Só com a extorsão o partido do crime obtém no mínimo R$ 1 milhão por mês. "Os operadores ficam acuados", diz o representante de uma das maiores cooperativas paulistanas, com 1.700 filiados nas zonas norte, leste e oeste. "Quem não paga tem duas opções: deixa o sistema ou tem de arcar com as conseqüências."

Assim como no primeiro escalão do PCC, a hierarquia entre os criminosos infiltrados nas lotações é rígida. O coordenador de linha fica responsável pelo gerenciamento. É ele quem determina as escalas de trabalho e define a inclusão ou a expulsão de operadores. Na segunda posição do organograma estão os fiscais, designados para conferir o cumprimento das ordens do chefe. A função de motoristas e cobradores nesse esquema se restringe a engordar os cofres da facção, cumprindo jornadas diárias de até 12 horas de trabalho.

Ao longo dos anos, os criminosos instituíram duas modalidades de cobrança de propina – entre eles, a prática é conhecida como "pagar madeira". A maioria é obrigada a dar dinheiro para permanecer no sistema e, em troca, tem proteção contra roubos. Quem escapa dessa cobrança fica sujeito ao pedágio imposto por traficantes e bandidos das favelas ligados ao PCC. Nesse caso, um pagamento exclui o outro. Se o operador se recusa a fazer o acerto, torna-se alvo de ações criminosas.

Disseminação

A cobrança de propina acontece em praticamente toda a cidade. Em algumas regiões, os focos de extorsão se disseminaram. É o caso da zona norte da capital, onde é quase impossível trabalhar sem atender às exigências dos criminosos. Também há pedágio em pontos isolados das zonas leste e sul (às vezes, com a conivência de policiais). Em Campinas, algumas lotações seriam controladas pela irmã do seqüestrador Wanderson de Paula Lima, o Andinho.

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