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| Foto: MARVIN RECINOS/AFP

Uma nova pesquisa do Instituto Carlos Chagas, da Fiocruz no Paraná, mostra que o zika vírus tem como alvo o tecido placentário de gestantes e nervoso dos fetos. O estudo avaliou a placenta de grávidas de diferentes regiões do país e os órgãos de bebês que morreram menos de 24 horas após o nascimento e a mãe teve diagnóstico da doença. A pesquisa reforça a relação entre o zika e o surto de microcefalia vivido no Brasil.

O que se percebeu na pesquisa foi a presença do zika na placenta mesmo depois de passada a fase aguda da doença. No caso dos fetos, o estudo mostra que apenas o cérebro sofreu lesões por causa do vírus. O que esses dois locais têm em comum é o fato de serem imunoprivilegiados.

Fator externo

Outra novidades dessa pesquisa é que ela afasta a possibilidade de que fatores externos, como a exposição a larvicidas, estariam relacionados ao aumento de casos de microcefalia no país. Isso porque foram avaliados fetos e placentas de mães contaminadas pelo vírus em diversas regiões do país. Em todos os casos, se notou lesões causadas pelo zika no bebê ou a presença do vírus na placenta da gestante contaminada.

Ao contrário do que o nome indica, eles não são super protegidos pelo sistema imunológico. Na verdade, na placenta e no sistema nervoso essa ação é suprimida. O mesmo ocorre com as células germinativas do testículo, o que ajuda a entender os relatos de transmissão sexual do zika.

Outra descoberta da pesquisa realizada em parceria com a Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) é que a placenta consegue proteger o bebê do zika quando já se está numa fase mais avançada da gestação. Para chegar a essa conclusão, foi acompanhado um caso de uma grávida que foi infectada pelo zika aos oito meses de gestação.

Após o nascimento do bebê, foi analisada a placenta da mãe e amostras de sangue e outros fluidos da criança. Uma grande quantidade de zika foi encontrada na placenta, mas não se constatou a presença do vírus na criança, nem de células que indicassem alguma reação imune a ele.

“Ainda precisamos analisar um número maior de casos para ter essa certeza. Mas o que esse estudo indica é que numa infecção tardia, embora o vírus atinja a placenta, ele não consegue infectar o bebê”, diz a chefe do Laboratório de Virologia Molecular da Fiocruz Paraná, Cláudia Nunes Duarte dos Santos. No começo do ano, ela e a patologista Lúcia Noronha, da PUCPR, descobriram que o zika tem a capacidade de ultrapassar a barreira placentária.

Os resultados apresentados agora são um desdobramento da pesquisa anterior é mais um passo para a compreensão de como o vírus age no organismo de gestantes e bebês. Entender como funciona esse mecanismo é o início do desenvolvimento de algum tipo de tratamento para evitar a ação do zika na gestação.

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