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A goma arábica, resina natural comumente utilizada no espessamento de xaropes, fabricação de cápsulas e revestimento de comprimidos por ser comestível e inerte (não causar reações), está no alvo dos pesquisadores da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Uma pesquisa realizada por doutorandos, pós-doutorandos e professores dos departamentos de Patologia Médica e Bioquímica e Biologia Molecular investiga se a substância pode desencadear processos inflamatórios no organismo, se associada a alguns “gatilhos”.

O estudo faz parte de uma linha de pesquisa que investiga propriedades medicinais de produtos naturais e observou a ação da goma sobre um conjunto inativo de proteínas do plasma e da membrana das células chamado “sistema complemento”. Quando em contato com algum “gatilho de ativação”, como bactérias, fungos e vírus, o sistema começa a produzir enzimas, o que leva à atividade inflamatória.

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A professora do Departamento de Patologia Médica da UFPR Iara Messias Reason explica que, apesar disso ser importante para a defesa do organismo, não é essa a reação esperada a produtos como a goma arábica. “A ativação inadequada [do sistema] pode levar a um dano tecidual e causar um processo de doença”, diz. Porém, o estudo mostrou que, por mais inadequada e inesperada que pudesse parecer inicialmente, a ativação pela goma pode, sim, ocorrer.

Segundo a professora, a descoberta ainda precisa ser confirmada por outras pesquisas, que envolvem novos modelos experimentais e avaliam outras etapas envolvidas no processo inflamatório. O objetivo dos pesquisadores é confirmar a descoberta e indicar a melhor forma de utilizar a goma arábica sem que ela desencadeie atividades pró-inflamatórias.

Para os pesquisadores, o estudo é importante por causa do amplo uso da substância na indústria de medicamentos, alimentos e cosméticos. A descoberta da UFPR já chama a atenção de outros cientistas: em maio, a Sociedade Escandinava de Imunologia não apenas publicou o artigo escrito sobre a pesquisa no Scandinavian Journal of Immunology, como também o escolheu como um dos dois destaques da edição.

O que é a goma arábica

Extraída de duas espécies de acácia comuns na região subsaariana, a goma arábica é uma resina natural que, conforme o artigo publicado pelo grupo da UFPR, “tem sido amplamente utilizada pela indústria alimentícia e farmacêutica, funcionando como aditivo, espessante, emulsificante, estabilizante e ‘veículo’ para [o princípio ativo de] medicamentos”.

De acordo com o texto, ela foi uma das escolhidas para ser estudada porque, mesmo sendo considerada “inofensiva”, há relatos de reações alérgicas a alimentos e outros produtos que utilizam a resina. Segundo a pesquisa, alguns dos sintomas descritos são urticária, alergia gastrointestinal e asma.

Apesar disso, o grupo não encontrou nenhuma pesquisa relacionando essas reações ao sistema complemento e seus processos inflamatórios.

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