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Saúde

Pesquisa relaciona o arroz com o diabete

Especialistas não concordam em transformar o cereal em vilão

Cada porção de 158 gramas aumentaria em 10% o risco de ter diabetes | Aniele Nascimento/ Gazeta do Povo
Cada porção de 158 gramas aumentaria em 10% o risco de ter diabetes (Foto: Aniele Nascimento/ Gazeta do Povo)

O arroz é componente básico e elementar na dieta brasileira, mas pode se tornar o vilão no prato dos mais gulosos. É o que dizem cientistas da Escola de Saúde Pública da Universidade de Harvard, que afirmam ter descoberto uma forte relação entre o consumo elevado de arroz branco e o diabete tipo 2. No entanto, especialistas são reticentes em aceitar a afirmação.

De acordo com os pesquisadores, a afirmação só poderá ser provada com o aprofundamento das pes­­quisas, mas é possível concluir que a propensão do arroz branco em aumentar o risco de aparecimento da doença é grande. Cada por­­ção de arroz branco (158 gramas) adicionada à refeição aumentaria em 10% o risco de ter diabete.

A conclusão da pesquisa é re­­sultado da análise de estudos feitos an­­teriormente, realizados na Chi­­na, Japão, Austrália e Estados Uni­­dos. Esses estudos acompanharam 350 mil pessoas e revelaram que a­­queles que comeram mais arroz mos­­traram-se 55% mais propensos a desenvolver a doença do que os que ingeriram menor quantidade.

Nos Estados Unidos e na Austrália, onde o consumo de arroz é bem menor, a diferença entre os dois grupos foi de 12%. Os participantes do Japão e da China, comeram, em média, de três a quatro porções de arroz por dia, em comparação com uma a duas porções por semana nos países ocidentais.

O médico endocrinologista Ale­­xandre Carrilho coordena um grupo de estudos do diabete na Uni­­ver­­sidade Estadual de Lon­dri­­na (UEL) e vê certa plausibilidade na as­­sociação feita pelos cientistas. "Em tese, faz sentido porque o arroz branco é fonte de carboidrato, é um alimento calórico, e se con­­­sumido em grande quantidade, pode provocar diabete", explica.

No entanto, o médico não acha prudente a comparação entre os comportamentos alimentares orientais e ocidentais. "São etnias diferentes, com costumes diferentes, em ambientes diferentes", pondera. Segundo ele, o que se pode afirmar sem risco de erro sobre o desenvolvimento de diabete tipo 2 é que a obesidade é fator determinante. "Não há um alimento que possa ser acusado. A pessoa pode ter uma dieta composta por alimentos saudáveis, mas, se comer em excesso, pode desenvolver a doença", afirma.

GenéticaA maior propensão dos orientais em desenvolver diabete pode não ser devida ao elevado consumo de arroz branco, mas a uma predisposição genética. "Japoneses têm tendência a desenvolver diabetes. É comum descendentes chegarem ao consultório pedindo dieta para se prevenirem contra a doença", conta a nutricionista Valéria Mor­­tara. Para ela, a afirmação da pesquisa não é conclusiva e pode confundir a população. "Para mim, é mais culpa da genética oriental do que do arroz", sugere.

A composição do arroz, segundo ela, não justifica a associação do estudo porque não se pode afirmar que carboidrato e açúcar provocam diabetes. "O arroz integral é mais eficiente para evitar o diabetes, mas tem a mesma quantidade de açúcar do arroz polido. A diferença é a velocidade de absorção de cada um", explica Valéria.

De acordo com a Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF), do IBGE, o brasileiro consome, em média, 160 g de arroz por dia.

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