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A empresa que vencer a licitação deverá pesquisar a velocidade média em 30 rotas diferentes e realizar a contagem do tráfego em 850 pontos em três picos distintos | Brunno Covello/Gazeta do Povo
A empresa que vencer a licitação deverá pesquisar a velocidade média em 30 rotas diferentes e realizar a contagem do tráfego em 850 pontos em três picos distintos| Foto: Brunno Covello/Gazeta do Povo

Estudo surge após anúncio de investimento bilionário

O anúncio da contratação da Pesquisa Metropolitana de Mobilidade Integrada ocorre pouco mais de um ano após os protestos que tomaram conta do país, inclusive de Curitiba, e que reivindicavam melhores condições de vida, como foco no tema mobilidade urbana.

Desde os atos, que chegaram a reunir mais de 10 mil pessoas nas ruas de Curitiba, o governo federal anunciou aporte de recursos em projetos que consumirão mais de R$ 5,6 bilhões – seja via investimento federal, estadual ou municipal.

Na capital, a maior parte desses investimentos será alocada no projeto do metrô (um valor de R$ 4,5 bilhões), mas há também R$ 450 milhões para restauração do Contorno Sul, R$ 277 milhões para a Linha Verde, R$ 102 milhões para readequação do Inter 2 e outros R$ 194 milhões para o aumento da capacidade do BRT, com a implantação do Ligeirão no sentido leste-oeste.

Rede Integrada

A Pesquisa encomendada pela prefeitura de Curitiba utilizará dados de deslocamentos dentro da Rede Integrada de Transportes (RIT) coletados por uma pesquisa já encomendada pelo governo do estado, que custou R$ 1,5 milhão e ouviu, entre março e agosto deste ano, 128 mil usuários do transporte coletivo em estações-tubo e terminais. Ao contrário do estudo anunciado ontem, o levantamento estadual ouviu apenas passageiros do transporte público. Segundo a Comec, não há data prevista para a divulgação dos resultados.

Quantificar e detalhar os deslocamentos dos moradores de até 16 municípios da Grande Curitiba para auxiliar no planejamento do futuro da região. Essas são as principais missões da Pesquisa Metropolitana de Mobilidade Integrada, levantamento que será realizado a partir de dezembro deste ano. O edital para contratação da empresa que executará o serviço foi publicado ontem, no site do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc).

INFOGRÁFICO: Veja o que deve ser coletado durante o levantamento

O valor máximo do con­trato será de R$ 6,1 mi­lhões – sendo R$ 1,5 mi­lhão financiado pela Agência Francesa de Desen­volvimento e o restante deve sair do orçamento de Curitiba. O consórcio vencedor terá de realizar entrevistas com 56 mil famílias para conseguir, pelo menos, 16 mil domicílios válidos. Ao todo, cerca de 250 mil pessoas devem ser ouvidas durante 18 meses.

Mais amplo

O levantamento anunciado ontem é mais amplo do que uma simples pesquisa origem-destino por envolver visitas domiciliares e características do trânsito da cidade. O edital descreve, por exemplo, que o vencedor da licitação terá de pesquisar a velocidade média em 30 rotas diferentes e realizar a contagem do tráfego em 850 pontos em três picos distintos. Todos os dados coletados alimentarão softwares que irão embasar futuras tomadas de decisão.

"Com essas informações, podemos melhorar a mobilidade. Por exemplo, ao substituir linhas ou ao criar novos eixos de transporte. Também podemos planejar a diminuição de grandes deslocamentos, mudando planos de moradia ou deslocando novas oportunidades de trabalho", afirmou Oscar Oschmeiske, supervisor da pesquisa.

Resistência

De acordo com Valter Fanini, diretor financeiro do Sindicato dos Engenheiros do Paraná (Senge-PR), pesquisas como essa são utilizadas por grandes cidades no mundo há mais de cem anos, mas encontravam resistência de antigas gestões em Curitiba. "A gestão e o planejamento precisam ser fundamentados em informações. Mas antigamente acreditavam mais na intuição para planejar a cidade, algo que funciona apenas em municípios menores", destacou.

A própria prefeitura reconhece que a pesquisa deveria ter vindo há mais tempo, inclusive antes da atual licitação dos três lotes do transporte coletivo de Curitiba – que ocorreu em 2010. "Essa licitação não terá um grande impacto com a pesquisa, mas é claro que o ideal seria termos esse estudo há alguns anos", disse Oschmeiske. O projeto do metrô, por exemplo, não será alterado pela pesquisa. Mas, segundo o supervisor do estudo, ela poderá auxiliar na integração do modal sobre trilhos com outros modais e até mesmo embasar futuras linhas.

Os dados colhidos na Pesquisa Metropolitana de Mobilidade Integrada serão utilizados na formatação do Plano de Mobilidade Urbana e Transporte Integrado. Esse é um dos planos setoriais que serão desdobrados do Plano Diretor – cuja finalização está prevista para março de 2015.

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